“O horário está mal” – foi esta a primeira queixa apresentada por Rita Santos, de Guindais, uma dos três passageiros que viajavam no funicular. Para esta empregada de balcão, que recorre a este meio de transporte, só às vezes, quando não está com disposição para “subir tantas escadas”, o horário está muito mal pensado. “Não percebo porque é que fecha às 19horas, já que é a essa hora que há mais gente a precisar de o utilizar. Essa é a hora que a maior parte das pessoas sai do trabalho”, disse indignada.

Além disso, “também não concordo com o encerramento à segunda-feira! Há tantos trabalhadores, tantos seguranças, porque é que tem que fechar a um dia da semana?”. Para esta moradora, outro dos problemas é o preço da viagem: “80 cêntimos é muito dinheiro para um percurso tão pequeno! É mais caro que andar de autocarro!

Problemas à parte, Rita Santos reconheceu também a importância deste equipamento. No entanto, fez questão de lembrar as dificuldades por que passaram os moradores que vivem junto das escadas: “as casas daquelas pessoas ficaram muito degradadas”.

Já Daniel Silva, um outro passageiro, elogiou firmemente este equipamento, chegando até a exaltar-se com Rita Santos: “só um ignorante pode dizer que isto não é uma boa obra do Metro!”. Este utente, aplaudiu o funicular, dizendo que “é pena que não exista já há mais tempo”.

Inauguração do Elevador dos Guindais

Três anos após a data prevista, o funicular dos guindais foi inaugurado, a 19 de Fevereiro, pelo Ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação, Carmona Rodrigues, numa cerimónia que contou com a presença de Rui Rio e do presidente do Conselho de Administração da Empresa do Metro do Porto, Valentim Loureiro.

Projectada pelo arquitecto Adalberto Dias, o equipamento liga a Rua Augusto Rosa (Batalha) à Avenida Gustavo Eiffel, junto ao tabuleiro inferior da Ponte D.Luís I. A obra foi projectada no âmbito da Porto 2001 e a Metro do Porto é empresa exploradora.

O percurso demora, aproximadamente, dois minutos e tem um total de 281 metros (retomando o traçado do elevador que ali funcionou entre 1891 e 1893), 90 dos quais em túnel. São duas cabinas panorâmicas, sem condutor e cada uma com capacidade máxima para 25 passageiros. O funcionamento dos veículos é controlado a partir de uma cabina instalada na Praça da Batalha. A velocidade máxima é de cinco metros por segundo. O horário de funcionamento é de terça a domingo, das 8 às 19 horas.

Como viajar no Funicular dos Guindais?

Para quem andar pela primeira vez o preço a pagar é 1.30 euros. 80 cêntimos são para a deslocação e 50 para o cartão andante. Nas viagens seguintes o preço baixa para os 80 cêntimos. O cartão multimodal “Andante” permite ao passageiro, depois de andar no elevador, usufruir ainda dos serviços do metro, do eléctrico, dos autocarros e, já no mês de Maio, da CP. A validade é de uma hora, após a primeira validação do cartão.

Primeiro mês de Funicular regista procura elevada

Segundo fonte da Metro do Porto, a operação do funicular dos Guindais tem sido marcada pelo sucesso, verficando-se uma forte afluência de clientes a este novo meio de transporte. De acordo com os dados avançados pela Metro do Porto, entre 19 de Fevereiro e 19 de Março, o funicular registou 23 445 validações. Considerando os 26 dias de operação (o equipamento encerra à segunda-feira), regista-se uma média de 902 validações diárias. Tratando-se de um meio de transporte, sobretudo, de cariz turístico, o elevador é mais procurado durante os fins-de-semana, sendo que os domingos nunca registam menos de 2 mil validações. O dia e a hora de maior afluência foram a um domingo, 14 de Março, com 2075 validações, 454 das quais entre as 16 e as 17, a hora de maior procura.
Quer se trate de dias úteis ou de fins-de-semana, o maior número de passageiros, regista-se, segundo fonte do Metro, entre as 14 e as 19 horas, período ao qual corresponde mais de 80% das validações. O Funicular dos Guindais tem registado um aumento de procura permanente.

Andreia Abreu

Foto: André Morais (JornalismoPortoNet)