Os solários enchem-se de pessoas que procuram o bronzeado fácil sem saber que outras consequências pode ter esta prática. Os médicos alertam para os malefícios do solário.

Apesar de ser uma prática durante todo o ano, é agora, na primavera, que as pessoas mais frequentam os solários para, dizem, se “sentirem bem”. Apesar de não haver legislação sobre a matéria em Portugal, os solários afixam regras de utilização nas cabines e no restante espaço. Apesar disso, as pessoas desconhecem alguns malefícios e têm uma ideia errada das suas virtudes.

Glória Meireles faz solário no inicio da Primavera para conseguir um bronze “aceitável”, diz. A utente acredita que “o solário previne o cancro de pele porque prepara a pele para uma exposição” posterior. Glória pensa que se não fizer solário para preparar a pele, no primeiro dia de praia o sol é mais perigoso. Ana, outra utente, disse ao JornalismoPortoNet (JPN) que faz solário “por uma questão de estética e porque tem problemas de ossos”.

Fernando Ribas, director do serviço de Dermatologia do Instituto Português de Oncologia, diz que o problema “é que muitas vezes as informações veiculadas nos solários são erradas”. O dermatologista lamenta que em Portugal esta matéria não esteja legislada e acrescenta: “muitas vezes as próprias pessoas que estão à frente dos solários, o que é mais grave, demonstram uma ignorância grande sobre os aparelhos que utilizam. Não fazem advertências às pessoas”.

Indivíduos com doenças cutâneas, sensibilidade ao sol ou pessoas que estão a fazer medicação fotosensivel não podem fazer solário. O dermatologista afirma que isto não é dito às pessoas nos solários. Graça Andres, distribuidora de máquinas de solário e representante da SportoArredo em Portugal explicou ao JPN que os solários muitas vezes não afixam a matricula do aparelho. É isso mesmo, não leu mal: as máquinas de solário são vendidas com uma matricula que especifica, entre outras caracteristicas, a potência que estas têm.

Fazer solário é um comportamento de risco

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Ir ao solário é equivalente a uma exposição excessiva ao sol. Ambos são comportamentos de risco. Fernando Ribas avisa que “a pele do ser humano caucasoíde, de raça branca, não tem condições para se proteger da exposição solar intensa que lhe estamos a infligir”. Os dermatologistas desaconselham a utilização do solário que, dizem, provoca o envelhecimento precoce da pele e pode provocar o cancro de pele. Por um lado, “as máquinas têm uma radiação muito intensa e concentrada Ultra Violeta A (UVA), a radiação mais responsável pelo envelhecimento da pele, que em doses maciças é bastante prejudicial à pele”, diz Fernadno Ribas. Por outro lado, “têm uma radiação cancerigena associada, a Ultra Violeta B (UVB), que mais frequentemente provoca o terrível melanoma maligno”.

Há pouco tempo, a Academia Nacional de Medicina veio a público dizer que os solários deviam ser fortemente desaconselhados e regulamentados. No relatório “Sol e Saúde”, a academia classificou os solários como um grave problema de saúde pública. A declaração chega numa altura em que os conhecimentos sobre a radiação ultravioleta estão mais consolidados, entre a comunidade cientifica pelo menos.

Susie Guedes, proprietária do Solário Bronze Dourado, explicou ao JPN que optou por ter máquinas de baixa potência: “aqui só temos máquinas 500. Entendo que servem perfeitamente para bronzear. As pessoas conseguem ficar morenas nestas máquinas que são menos agressivas”. As máquinas de solário podem ter uma potência até 800. A proprietária faz advertências aos utentes mas diz: “não podemos obrigá-los a cumprir”. Susie Guedes aconselha as pessoas de pele branca e que fazem solário pela primeira vez a fazerem 8 minutos e depois aos poucos irem aumentando esse tempo. Mas ainda assim, há pessoas que querem fazer os 28 minutos (máximo para o qual estão reguladas estas máquinas).