Joaquim de Almeida é o mais internacional dos actores portugueses. A viver há trinta anos nos EUA, tendo-se naturalizado norte-americano há cinco, o actor está em Portugal para divulgar os projectos em que participou recentemente, entre eles o filme espanhol “The Way”.

Três décadas de Cinema

Joaquim de Almeida iniciou o curso de teatro na Escola Superior de Lisboa, que deixou para estudar no The Lee Strasberg Theatre and Film Institute, em Nova Iorque. Com quase 60 trabalhos no cinema, o actor participou em filmes como “Good Morning, Babylon”(1987) e “The Soldier”(1982). “Retrato de Família”, do português Luís Galvão Telles, valeu a Joaquim de Almeida a consagração de Melhor Actor no Festival de Cinema do Cairo em 1994, no Egipto.Para além dos vários prémios já conquistados, onde se inclui um Globo de Ouro em 1998, o artista traz no currículo actuações ao lado de vários nomes do cinema internacional, como Harrison Ford, Richard Gere e António Banderas. Em 2004, integrou o elenco da série norte-americana “24”, em que contracenou com Kiefer Sutherland. Apesar de ter participado em outras séries, como “Crusoe” (2008), “The West Wing”(2004) e “Miami Vice”(1985), Joaquim de Almeida garante não gostar de fazer séries de televisão.

Conhecido como o “Phil Hartman latino”, Joaquim de Almeida mostra-se arrependido de ficar em Portugal mais um mês do que o previsto, para promover os seus trabalhos.”Já estou com vontade de ir embora”, refere o actor, que volta para a sua casa em Los Angeles no início de Janeiro.

Para Joaquim de Almeida, não é o cenário português dos festivais de cinema que deixa a desejar. Aliás, o actor entende que é esse o ponto forte da indústria em Portugal. “O problema é que nós estamos muito aquém a nível de produção cinematográfica, infelizmente”, aponta.

A importância dos festivais de cinema, explica, reside no facto de levar a 7.ª arte para sítios além dos centros urbanos. “Nas cidades menores, se não houver festivais, há um certo cinema que não chega, porque já não se tem muitos cinemas, as pessoas vêem muitos filmes pela televisão e não há uma grande cultura cinéfila”, afirma.

Para além dessa vantagem, os festivais de cinema podem, ainda, servir como troca de experiências e intercâmbio cultural. “Muitas vezes conheci em festivais pessoas com quem fui trabalhar só mais tarde. Fiz filmes no Chile e em tantos outros países da América do Sul que, se calhar, não teria feito se não tivesse conhecido as pessoas em festivais”, declara.

“Prefiro menos prémios e mais cinema”

No que diz respeito ao panorama actual do cinema mundial, Joaquim aponta o Brasil e o México como actuais núcleos cinematográficos com grande potencial. Cita como uma excepção na actualidade o cinema chileno que, segundo o actor, conseguiu uma proeza: a atenção do mundo. “Este ano, o filme ‘La Nana’ tem passado por festivais do mundo inteiro e está a ser distribuído nos Estados Unidos, o que é uma coisa rara”, aponta.

Para o artista, homenageado este ano no Festival de Cinema Independente “Bragacine”, no cinema ninguém trabalha por obrigação, é preciso gostar daquilo que se faz para sustentar a carreira. “Eu prefiro menos prémios e mais cinema. Para mim o importante é trabalhar, pois mais do que cinema, eu gosto de fazer cinema”, sublinha.

Joaquim de Almeida está actualmente envolvido em três trabalhos, mas afirma que ainda não os divulgará “porque as gravações foram adiadas duas vezes”. “Quero ter a certeza de que os faço. Nunca se fala das coisas antes delas começarem a ser feitas, dá má sorte”, brinca o actor.