Nasceu em Lisboa, mas foi nos Estados Unidos que viveu grande parte da sua vida. Aos 16 anos terminou a sua formação em flauta no conservatório, seguindo-se o Berklee College of Music, em Boston. Em 2009, Adriana gravou o seu primeiro disco nos EUA, que integrou algumas bandas sonoras de novelas portuguesas.

“O que tinha que ser” é o nome do seu novo álbum, editado em 2011, que inclui vários ritmos como o Jazz, Bossa Nova, Pop e Latin World. Neste novo álbum, Adriana incluiu a música “O que tinhas que ser”, de Vinicius de Moraes e António Carlos Jobim.

Desde muito nova que a Adriana está ligada ao mundo da música. Como surgiu o seu gosto musical?

Surgiu e eu nem dei por ele. Foi desde muito nova, com as aulas de piano que tinha em casa, nas escolas de música onde andei quando era miúda, ainda. Mais tarde tornou-se mais do que gosto, tornou-se uma paixão. Levou-me até aos Estados Unidos e a lançar dois álbuns.

José Duarte, o seu pai, é uma pessoa muito ligada à música, nomeadamente ao ritmo Jazz. Possui alguma infuência do seu pai?

Sim, acho que é até subconsciente. Quando se ouve Jazz em casa, é impossível ficar indiferente, fica comigo. Não sou a filha que imita e que gosta do que os pais querem, mas hoje em dia gosto muito de Jazz e também é uma paixão.

Ao contrário do que é comum no mundo da música, a Adriana elegeu a flauta como o seu instrumento principal. Porquê?

A flauta é a minha segunda voz. Desde criança que a flauta é o meu instrumento principal e hoje em dia continua a ser. É aquele que eu mais adoro e com o qual me sinto mais confortável.

Como define a cantora Adriana?

A cantora Adriana são várias. Há a Adriana que escreve as canções e que faz arranjos. A Adriana que está em estúdio, a Adriana que canta e toca. A Adriana que está em palco. Eu gosto muito de fazer tudo um pouco na música, portanto a Adriana acaba por ser muito diversificada. Não canta só em português. Neste novo álbum tenho uma canção em inglês e também já gravei uma versão em espanhol. Por enquanto, a maioria das canções que escrevo e canto são em português, mas começo lentamente a cantar em outras línguas.

Além de tocar flauta, guitarra e piano, a Adriana também compõe e escreve as suas músicas. Como é o seu trabalho com todas estas polivalências?

Diria que é bastante completo: escrevo, toco, gravo, actuo ao vivo e acho que faço tudo o que há para fazer. Não sei se é por masoquismo ou por perfeccionismo, mas acaba por ser o que, no fundo, me preenche.

Esteve muito tempo fora de Portugal, nomeadamente a estudar em França e nos EUA. Porquê voltar para Portugal e apostar na música portuguesa, passados vários anos?

Porque não? Sou portuguesa e faz todo o sentido cantar, compor e escrever em português, completa-me. Felizmente que me apoiam com a música que faço e, por isso, vou em frente com a música portuguesa, cantando-a em Portugal e para todo o mundo, representando o meu país.

Em 2009 lançou um álbum com o seu nome. Como foi criar o primeiro disco?

Foi maravilhoso. Inicialmente era uma sensação estranha porque nunca tinha vivido essa experiência, mas aconteceu e uma vez que aconteceu foi uma altura muito feliz. Tive o apoio do público, o que é muito importante. Sem o público nada disto faria sentido.

Como caracteriza o seu primeiro disco?

A nível musical é mais pop-rock. Tem muito a ver com o que eu era na altura, apesar de não ser assim há tanto tempo, mas acaba por ser diferente deste novo álbum, essencialmente a nível musical. É um disco mais seguro, mais maduro, as letras falam sobre outro tipo de coisas. Há uma evolução natural e a evolução musical acompanha sempre a evolução pessoal.

Com apenas três anos de diferença entre os dois discos, consegue sentir muitas diferenças entre ambos?

Algumas. Para mim é difícil dizer que se notam muitas diferenças. São os dois meus filhos, mas sinto que houve uma evolução com a qual eu estou muito feliz e, tanto o álbum “Adriana” como “O que tinha que ser”, fazem todo o sentido. É um discurso muito coerente de quem eu sou e de quem eu me estou a tornar: a evolução enquanto pessoa e como músico.

No álbum “O que tinha que ser” introduziu vários ritmos novos, nomeadamente a Bossa Nova. Porquê?

A Bossa Nova é uma sonoridade que eu adoro e que ouço, cantei e toquei muito e, por isso, está muito presente em mim. É uma sonoridade que as pessoas têm apreciado imenso. Não só por ser um groove brasileiro, mas por ter letra e ser cantado em português de Portugal.

Como é a relação da Adriana com o público?

Senti boa receptividade com os dois. O primeiro CD foi óptimo, tocou muito nas rádios, três canções foram para as telenovelas, uma foi nomeada para os Globos de Ouro, tive vários concertos. O primeiro correu lindamente e o segundo espero que corra tanto ou mais que o primeiro.