“Devemos atacar com mais profundidade”, defende Luís Rebelo, da Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo. “Estamos no bom caminho, mas é um caminho muito lento”, continua, reforçando a necessidade de alterar a Lei do Tabaco e torná-la mais eficaz. “É preciso uma lei mais restritiva, para que a proibição de fumar nos locais fechados seja total”, apela Lurdes Barradas, da Comissão de Tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.

Luís Rebelo acredita que “é preciso aumentar o preço do tabaco em 20% e incluir nos maços imagens chocantes”, que “evitariam a iniciação”, reforça Lurdes Barradas. Portugal é o país da Europa onde o tabaco é mais barato e, portanto, para Lurdes Barradas, a solução é aumentar os impostos e “utilizar esse dinheiro para ajudar nas consultas anti-tabágicas e nas campanhas de prevenção”. “Acabar com a publicidade e o patrocínio ao tabaco” é outra das propostas.

“Portugal está no bom caminho, mas é um caminho lento”, confessa Luís Rebelo. O tabagismo continua a matar em Portugal e cerca de 16 mil portugueses morrem, por ano, por doenças provocadas pelo tabaco. “São números ainda muito elevados”, mas “os profissionais de saúde estão cada vez mais motivados a ajudar os doentes a deixar de fumar”, reconhece Lurdes Barradas.

Segundo o último relatório da Infotabaco, desde a entrada em vigor da Lei, em 2008, até 2011, houve, em Portugal, uma diminuição do número de internamentos cardiovasculares e das doenças respiratórias. Os dados do Eurobarómetro revelam que 23% dos portugueses são fumadores, pelo que somos o país da Europa com menos fumadores. No que toca aos jovens, o aumento de fumadores nesta faixa etária não tem sido tão significativo como nos anos anteriores, segundo a Direcção-Geral de Saúde.

O tema deste ano do Dia Mundial Sem Tabaco é a Convenção-Quadro da Organização Mundial de Saúde, que confere as obrigações legais aos países para evitar a epidemia do tabaco. “É o instrumento mais importante para o controlo do tabagismo”, considera Lurdes Barradas.

Durante esta quarta-feira vai haver iniciativas por todo o país, em cada hospital e em cada centro de saúde. Na cidade do Porto, o IPO vai reforçar a vertente do “Hospital Sem Tabaco” para motivar a população para estilos de vida mais saudáveis. Já o NorteShopping recebe uma acção de rastreio e uma campanha de sensibilização para as doenças respiratórias. “Fumou, Perdeu!” é a convicção desta iniciativa que leva os portugueses a fazer contas aos custos com o tabagismo.