As reuniões realizam-se em espaços públicos, a entrada é livre e o que menos importa é a bagagem filosófica que cada participante aporta. De acordo com Tomás Magalhães Carneiro, dinamizador do projeto, os encontros visam ser uma “pausa para pensar, conviver e discutir educadamente o universo da filosofia”.

Os “Cafés Filosóficos” são assim, conversas simples e informais sobre filosofia onde quem participa “não tem de ter necessariamente formação filosófica”. Até porque, segundo Tomás Carneiro, “os filósofos normalmente sentem que não têm nada a aprender com as outras pessoas e essa é uma das grandes tragédias da filosofia, hoje em dia”.

Temas Aleatórios

Os temas que se discutem são escolhidos aleatoriamente. “Algumas vezes a caminho do Café Filosófico penso no tema que me tem ocupado durante a semana e proponho-o aos participantes, outras vezes pergunto que tema querem discutir, outras vezes é proposto um exercício filosófico qualquer que faça sair ideias e argumentos”, conta Tomás, ao JPN.

Reavivar o espírito de diálogo e troca de ideias

O conceito faz parte de um movimento internacional com origem em França, nos anos 80 do século passado, conhecido por “Novas Práticas Filosóficas”. Em entrevista ao JPN, o promotor do projeto admite que o pressuposto destas “práticas filosóficas” é reavivar o espírito de diálogo e a troca de ideais.

Segundo o Tomás Carneiro, os “Cafés Filosóficos” querem formar vários grupos informais de investigação na cidade do Porto, de modo a que Filosofia se torne prática. “A filosofia pode ser um exercício descomplexado de reflexão intelectual sem a carga de erudição e obscurantismo, muitas vezes associada à filosofia académica”, refere o estudioso.

Exercício de “apequenamento e engrandecimento”

Ao JPN, o dinamizador dos “Cafés Filosóficos” admite que estas sessões já fazem parte da sua vida e da vida de muita gente: “Às vezes dou por mim a precisar de gente para pensar comigo e a ansiar pelo próximo Café Filosófico”.

Para Tomás, ir a um evento deste género pode ser um exercício de “apequenamento e de engrandecimento”. Apequenamento porque, segundo o dinamizador, num Café Filosófico “não é o tom da nossa voz que importa mas a força das nossas ideias”. “Assim sentimo-nos mais pequenos quando descobrimos que as nossas ideias não são tão fortes quanto as outras”, garante. “Por outro lado, é engrandecedor conhecer outras vozes, outras ideias e perspetivas sobre a realidade”, admite Tomás.

Próximas edições

As próximas edições do “Cafés Filosóficos” vão decorrer no E-Learning Café, no pólo da Asprela, e pode participar quem “tenha vontade de discutir ideias abertamente e em grupo”. O espaço foi escolhido porque se pretende que a comunidade académica se abra ao diálogo e à reflexão crítica de ideias.

O que se pretende com o projeto, em curso desde 2008, é o aumento do exercício do pensamento genuíno. Algo que se consegue através dos “contributos que surgem espontaneamente no calor da discussão e que nascem do interesse e do esforço intelectual dos participantes”. Ao JPN, Tomás diz que um dos objetivos dos “Cafés Filosóficos” é envolver a comunidade académica incluindo os estudantes Erasmus que visitam a Universidade do Porto. Para isso, está já em marcha “uma sessão em inglês que lhes é dedicada”.