Querem provar que é possível germinar uma semente no planeta vermelho. Seed é o nome da equipa de jovens portugueses que pretende levar “a primeira forma de vida a Marte”. Composta por estudantes das universidades do Porto, do Minho e de Madrid, a equipa é uma das dez finalistas na competição internacional universitária Mars One, organização que pretende estabelecer a primeira base humana em Marte.

A semente escolhida deverá ser a da planta Arabidopsis thaliana, conhecida também como Arabeta, Arabidopse-do-tale ou Erva-estrelada. E porquê? Porque é “a melhor planta modelo e mais utilizada em estudos de plantas espaço a bordo da Estação Espacial Internacional”, lê-se na página do projeto Seed no site da Mars One.

“O que nós propomos é enviar um contentor isolado tanto a nível térmico, como a nível de pressão. Basicamente a ideia é, uma vez aterrado o “rover” e estando prontas as condições para começar a germinação, aquecer a semente até aos 21 graus que existem aqui na Terra, injetar ar terrestre até que a pressão iguale um bar [unidade de pressão], o comum aqui, e depois dar os nutrientes necessários para o crescimento da semente”, explica Guilherme Aresta ao P3.

Como votar no Seed?

– na página do projeto em Mars One (tem um peso de 60%)
– no Facebook fazendo like no logótipo da equipa (10%)
– no Google+ (10%)
– no Twitter publicando com o hashtag #seed #marsone (10%)
– com a subscrição da Newsletter do Mars One (10%)

A ideia é transportar a semente num recipiente “completamente isolado de Marte, porque uma das regras é garantir que o planeta não é de qualquer forma contaminado”, salienta o estudante de Bioengenharia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Para proporcionar as condições de crescimento da semente, o recipiente inclui sistemas de fornecimento de água, de filtragem de carbono e de estimulação luminosa. “O mecanismo é totalmente automático e a energia disponível deve ser suficiente para manter a temperatura adequada para o crescimento das plantas”, refere a página da competição a propósito do projeto Seed.

“O que nós queremos provar é que é possível, em condições controladas, fazer lá o que se faz aqui na Terra, ou seja, germinar uma semente. Agora, a única variável no nosso caso é a gravidade. Porque Marte tem um terço da gravidade da Terra, portanto essa seria a variável em estudo”, clarifica Guilherme. Caso o projeto Seed venha a ser selecionado, o acompanhamento do crescimento da semente será feito através de fotografias e as imagens serão transmitidas via órbita de Marte para a Terra.

A equipa é composta por quatro estudantes de mestrado e dois de doutoramento, com idades entre os 20 e 25 anos. Daniel Carvalho, Guilherme Aresta, Miguel Ferreira e Teresa Araújo frequentam o Mestrado Integrado em Bioengenharia na FEUP; Raquel Almeida é estudante de doutoramento na Universidade do Minho e Miguel Valbuena, aluno de doutoramento no Centro de Investigações Biológicas, em Madrid. Os seis jovens são orientados por Helena Carvalho, investigadora do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) e Jack van Loon, professor de ciências gravitacionais na Universidade de Amesterdão e investigador na Agência Espacial Europeia (ESA).

O vencedor da competição será escolhido via online e as votações decorrem até dia 31 de dezembro em várias plataformas. Na comunidade Mars One encontram-se todos os projetos a concurso. A proposta vencedora será anunciada a 5 de janeiro de 2015 e será enviada para Marte em 2018.

Mars One é uma fundação sem fins lucrativos holandesa que pretende estabelecer a primeira base humana em Marte antes de 2030. Em 2018 será enviada uma missão não tripulada que irá contar com a carga experimental da equipa universitária selecionada.