Diogo Frias formou-se em Design de Produto pela Escola Superior de Artes e Design e não perdeu tempo:, começou a trabalhar para um antigo professor, mas rapidamente percebeu que “ia ser só mais um elemento da cadeia”. Assim, partiu para uma aventura no Brasil onde escolheu trabalhar para o conhecido designer Domingos Tótora. Cresceu como pessoa e profissional e, ao voltar a Portugal, sentiu que tinha as condições reunidas para entrar no mercado de trabalho.

Diogo acredita que em Portugal não é difícil para os jovens entrar no mercado, desde que se tenha “um bom poder de observação”. Competir com os mais velhos é “difícil”, diz, mas “é o trabalho que dita a entrada”, explica. Em Portugal “fazemos frente a qualquer país no que toca à nossa formação e profissionalismo”, sublinha.

Com um pouco de ambos, decidiu pôr mãos à obra e criar a sua própria marca de skates portugueses: a MILF. Um dos requisitos era que a marca fosse única no mundo. Produzidos com um material português – o valchromat, ideal para manter a cor e nunca antes usado em skates -, em conjunto com contra placado e folha de nogueira, constituem um produtor diferenciador.

O objetivo, aliás, é alguém olhar para um dos seus skates, com ou sem logótipo, e dizer: “Isto é um MILF”. De facto, a marca tem uma identidade muito própria e, para o jovem portuense, uma das piores coisas que pode acontecer é que o êxito a desvirtue.

A boa aceitação do produto provém também da imagem transmitida. A marca apostou muito na comunicação social e na nas redes sociais, o que trouxe resultados positivos nas vendas. O site da MILF já permitiu até enviar skates para Paris, Barcelona, Londres e muitas outras cidades mundiais. E nem só os jovens se interessam pelo produto, pois são muitos os adultos adeptos dos skates de cruising.

Mas a criação da MILF Skateboard Tailors constituiu um desafio constante, tanto a nível de produção como de mercado. “O que me move enquanto designer é fazer constantemente mais”, conta, mesmo que nem sempre seja fácil. “É uma luta saudável”, mas não deixa de ser “um pouco instável até do ponto de vista emocional”. A área das Artes, muito competitiva, não dá espaço a distrações.

Para o jovem, “adormecer é a pior coisa que existe na vida” e a concorrência é boa e desafiante nesse sentido.  Outra dificuldade associada ao design é a falta de sensibilidade dos produtores que apenas pretendem “produzir com o menor custo possível” alterando, por vezes, os detalhes que poderiam valorizar o produto.

Para os jovens que pretendem abrir um negócio, Diogo deixa alguns conselhos: “É preciso uma grande autodisciplina” e “saber exatamente o que se quer fazer, com quem se quer fazer e onde se quer estar na cena geral do design”. Depois, é todo um processo construtivo mas só “quem tem cabeça” é que se mantém no topo.