O tricô é, geralmente, visto como uma atividade destinada apenas aos mais velhos e às donas de casa, que entrelaçam as malhas no aconchego dos seus lares. No Porto, há quem prove o contrário. São várias as gerações que mantêm esta arte viva, seja individualmente, em atividades de grupo ou em workshops.

Tricotar mensalmente em grupo

O grupo “Tricotadeiras do Porto” nasceu em 2003 e reúne-se ao quarto sábado de cada mês no Café Arcádia, na Avenida dos Aliados. Somente com presença online, inicialmente, passou, depois, a promover encontros periódicos onde “tricotar” e “conversar” são as palavras de ordem.

Filomena Marques, membro mais antigo das Tricotadeiras, explica o objetivo do grupo: “Encontramo-nos uma vez por mês, sentamo-nos a tricotar, a trocar impressões sobre os modelos e a conversar”. Mas nem todos os trabalhos são material adequado ao encontro mensal. “Convém ter uma coisa simples para fazer, porque, ao falar, às vezes, não se pensa tanto”, esclarece a tricotadeira Raquel Garcia.

Filomena e Raquel, de 38 e 36 anos, respetivamente, concordam que há, atualmente, uma tendência de crescimento da prática de tricô entre as pessoas mais jovens: “É um escape criativo, é relaxante e, uma vez que as nossas atividades profissionais são quase sempre muito pouco criativas, permite-nos esquecer o stress do dia-a-dia”.

As “Tricotadeiras do Porto” são um grupo totalmente livre de inscrições e compromissos. Segundo Filomena, a quantidade de pessoas nos encontros varia muito. “Às vezes somos só três ou quatro, mas já aconteceu sermos 15 ou 20”. O grupo celebra, ainda, o “Dia de Tricotar em Público”, em junho, que consiste em tricotar num local público.

Branca, de 56 anos, e Maria José, de 68 anos, tricotam desde crianças e são presença assídua nos encontros. Branca diz que o grupo lhe permite “espairecer um bocadinho” e Maria José realça que “é uma mistura de gerações, onde há várias perspetivas”.

Nunca é tarde para aprender a tricotar

Na Rua da Conceição, localiza-se a loja Ovelha Negra, que se dedica ao tricô na sua vertente comercial e promove workshops. A Ovelha Negra diferencia-se dos restantes estabelecimentos pela preponderância que atribui às fibras naturais. Lã, alpaca, seda e linho são alguns dos materiais que é possível comprar na loja.

Joana Nossa, proprietária, conta que o público é variado: “Tenho desde a senhora do interior de S. Pedro da Cov,a que vem mostrar-me umas amostras que fez há 40 anos, até às raparigas mais hipster que acham que o tricô agora é giro”. No que diz respeito a faixas etárias, o foco está entre os 28 e os 50 anos. Joana afirma que “os homens, embora não sejam tantos como a comunidade feminina, também são bastantes”.

A Ovelha Negra dedica-se, também, ao ensino do tricô, com a realização de workshops que decorrem ao sábado. Existe, ainda, um encontro mensal de tricô à noite (na primeira quinta-feira de cada mês). O “Dia Mundial de Tricotar em Público”, em junho, também é festejado pela loja.

Apesar das atividades em grupo promovidas pelo espaço, Joana Nossa afirma que “esta é uma atividade muito personalizada”. Além disso, realça que é quase um vício, no sentido em que “há sempre espaço por onde crescer, inovar e explorar novas coisas e, a partir do momento que se entra neste mundo, o difícil é sair dele”.

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