Na sequência das comemorações dos 25 anos do IPATIMUP e inserido no Módulo de Oncobiologia do GABBA (Programa Graduado em Áreas de Biologia Básica e Aplicada), Mina J. Bissel e David Lyden, investigadores internacionais na área do cancro, estiveram presentes, esta quarta-feira, no Porto.

Depois da cerimónia de abertura, presidida pela investigadora Maria de Sousa (antigo membro da Direção) e pelo cientista e médico Manuel Sobrinho Simões (membro da Direção), Mina J.Bissel falou sobre a sua investigação sobre o cancro.

Bissel, que já foi oradora nas conferências TED, investiga este tema há décadas e afirma que “metade do segredo da célula (cancerígena) está fora da célula”. Com isto quer dizer que o “cancro não é só causado pelas células cancerígenas, mas sim pela interação entre as células cancerígenas e o micro-ambiente celular que as rodeia”.

Mina J. Bissel diz que “o cancro, que não é uma doença de um órgão específico”, foi algo que despertou o seu interesse, especificamente o cancro da mama e, por isso, decidiu estudar o tecido da mama, entre outros aspetos.

No início da palestra, esta cientista irano-americana começou por falar nas suas investigações e na mudança do tecido da mama durante a gravidez. “Como é produzido o leite?”- foi a questão inicial. Mina J. Bissell diz que, entre um a dois dias, as células “mudam” para poder “dar” leite, mas que depois “se esquecem”. Ou seja, no contexto certo, as células “fazem” leite. A partir desse ponto, Minna J. Bissel começou a “pensar” mais na importância do contexto.

Segundo Bissel, a chave para as suas investigações é “pensar em três dimensões” e que “tudo em nós é polaridade e tridimensionalidade”.

“Não há maneira de erradicar o cancro”

Para finalizar, Minna J.Bissel defende que “não há maneira de erradicar o cancro, por ser algo ligado ao envelhecimento”. Afirma também que “podemos curar o cancro, mas só o conseguiríamos se deixássemos de envelhecer”. A investigadora aconselha ainda os jovens estudantes e investigadores a “pensar fora da caixa” e, diz, “os livros estão mortos, porque não estão completos, não vão sendo atualizados”.

David Lyan, que também tem investigado sobre o cancro e recebeu um prémio, nesta quarta-feira, devido ao seu sucesso, também deixa alguns conselhos aos investigadores: “Façam a maior observação que conseguirem, não pensem para onde querem que a pesquisa seja direcionada”.

Aquando da discussão geral, que contou com a participação do público presente na auditório do IPATIMUP, Minna J.Bissel deixou um apelo: “Precisamos de mãos, dinheiro e colaboração para poder continuar com as investigações”.

Alguns dos artigos dos investigadores podem ser consultados na revista Nature (Mina Bissel e David Lyden).

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