A convite de Joaquim Jorge, fundador do Clube dos Pensadores, Joana Amaral Dias esteve presente, na noite desta segunda-feira, em Vila Nova de Gaia,  para uma conversa aberta, onde reinou um discurso direto sobre a atualidade política em Portugal.

A ex-militante do Bloco de Esquerda (BE) não se retraiu a criticar a classe política que está à frente do país. Segundo a dirigente do PTP/Ag!ir, “a política está entregue a um punhado de gente medíocre, que se julga dona do Estado e dos seus recursos”. Joana Amaral dias reforçou ao longo do debate que é necessário e urgente mudar esta realidade em Portugal, para o bem dos cidadãos e da democracia.

Como é que o Ag!r vai agir

O Movimento Agir fez um acordo com o Partido Trabalhista Português (PTP), legalizado desde 2009, e, desta forma, veio a tornar-se o PTP/Ag!r, que vai estar na corrida nas próximas eleições legislativas, em setembro. Esta aliança fez com que o movimento criado pela ex-partidária do BE não tivesse que arrecadar 75 mil assinaturas para uma possível criação como partido político e permitir participar nas eleições.

De acordo com a psicóloga de formação, a adesão dos cidadãos às grandes manifestações que ocorreram nos últimos tempos mostram a insatisfação dos portugueses, que vão protestar com um elemento comum, não havendo a distinção entre Esquerda e Direita, jovens ou velhos. A antiga militante do BE afirma que o papel dos políticos é ouvir o povo: “Primeiro é necessário ouvir e, então, depois, representá-lo”, afirma.

A nova lista no panorama político português quer um programa mínimo para uma resposta máxima. “Queremos ter respostas concretas para os problemas pulsantes da sociedade portuguesa”, sublinhou a ex-membro do BE. Joana Amaral Dias referiu que o PTP/Ag!r não se quer “comportar como uma elite bem pensante, fechada numa redoma, que vai impingindo às pessoas possíveis soluções”.

O partido político de Joana Amaral Dias quer ouvir as pessoas e ver quais são as suas ideias e os seus problemas. Ao longo do tempo em que a ex-deputada esteve nas manifestações, que levaram centenas de portugueses às ruas, percebeu que existem pontos de enfoque que são importantes de serem resolvidos. Existem três eixos em que o programa do Agir se irá focar.

O combate à corrupção é um deles. Segundo a antiga integrante do BE, “estamos num sistema naturalmente corrupto, onde a corrupção no Estado é visível”. A atribuição de vistos Gold a cidadãos que têm como objetivo lavagem de dinheiro e outras atividades ilícitas, em vez da atribuição de vistos a pessoas que tentam atravessar o Mediterrâneo para poder trabalhar em Portugal e, assim, construir riqueza, foi uma da realidade referida.

A dívida pública “pesa nos bolsos” dos portugueses e, segundo a ex-deputada, a carga fiscal é asfixiante e impede de levar o país adiante. “É necessário saber qual parte da dívida é legítima e qual parte se deve ao resgate de seis bancos aos longo de seis anos”, referiu Joana Amaral Dias. Para a ex-partidária do Bloco, “o poder económico tem que estar subordinado ao poder político”. “Isto está presente na nossa Constituição; a economia tem que servir os cidadãos e não o contrário”.

O aprofundamento da democracia é importantíssimo para a dirigente do Agir. Por isso, considera que não pode haver uma classe política que não se preocupe com o que se passa com o povo. Segundo a ex-deputada, existe um “abismo entre os cidadãos e a política”, os políticos têm que facilitar esta relação e “não podem só ir chorar nos domingos eleitorais” quando veem os números da abstenção.

O Agir “propõe-se a pôr as mãos à obra”, refere a ex-militante do BE.

Aliança com António Costa?

Quando questionada sobre uma possível aliança com António Costa, se for eleita deputada para a Assembleia, a dirigente do PTP/Ag!r diz que não se aliará a ninguém.

O papel de Portugal na União Europeia foi também um dos tópicos do debate e, para Joana Amaral Dias, o país tem que se impor e ser relutante quanto às decisões dos outros países. O desemprego e o despejo de pessoas das suas casas, devido à dívida do empréstimo bancário foi também debatido. Segundo a dirigente partidária, as pessoas que tenham uma dívida ao banco poderiam entregar o imóvel, mas parariam de pagar o empréstimo.

Para a ex-deputada, é preciso tomar medidas que combatam estas realidades e, segundo Amaral Dias, o Ag!r apresentará um programa eleitoral em breve, “e será conhecido primeiro do que o do líder socialista, António Costa”, ironizou a ex-deputada.