Quantas vezes dá vontade de fazer alguma coisa, mas, pelo facto de ela estar tão longe, torna-se impossível de desfrutar da sensação positiva que ela nos traria? Pois é. O que é que faz, então, um portuense, quando lhe sobrevém um desejo incontrolável de sambar num ambiente tal e qual o brasileiro? Mete-se num avião e atravessa o Atlântico? Nada disso. Sai de casa e atravessa a rua.

Formado em 2012 e “oficializado” em 2013, o grupo Samba Sem Fronteiras apresenta, semanalmente e em locais diferentes, um pouco do conhecido ritmo “tupiniquim” para a população. De Paulinho da Viola a Zeca Pagodinho, a banda traz ao Porto um pedacinho do Brasil.

“O grupo surgiu com o Pedrinho, que veio para cá trabalhar e já regressou ao Rio de Janeiro”, conta ao JPN Luca Argel, vocalista e um dos primeiros integrantes do Samba Sem Fronteiras. Segundo o próprio, o grupo surgiu sem grandes pretensões e com o único objetivo de os elementos se divertirem com o samba de raiz, algo que sentiam falta desde que saíram do Brasil.

Nessa brincadeira começaram a tocar em algumas festas concertos pela cidade do Porto. Quando se apresentaram no Hard Club notaram que aquilo poderia ir além de uma apresentação casual. Foi então que decidiram oficializar o grupo, quase um ano após a primeira roda de samba. Hoje, além dos vocalistas Luca Argel, compõem o Samba Sem Fronteiras os músicos Sergio Gurí, no cavaquinho, Iury Matias, com o violão, Saulo Giovaninni e Frankão na percussão, e Klênio Barros, no trombone.

Desafios “sem fronteiras”

Os desafios são grandes para o grupo: planeiam apresentarem-se em todo o país. “É uma missão cobrir Portugal”, afirma Luca Argel, o vocalista. Planos para uma roda de samba no estrangeiro também estão na lista, mas enfrentam dificuldades relativas ao transporte do equipamento musical. “Mas acreditamos que, naturalmente, irá acontecer”, diz Argel. O objetivo maior, no entanto, é deixar o “cover” e lançar um álbum de músicas originais. “Não é fácil, mas estamo-nos a concentrar nisso”, ressalta o grupo.

O samba que junta gerações

A receção da música brasileira no Porto não poderia ser melhor, conta Luca Argel. “Naturalmente, o samba atraía muitos brasileiros. Com o tempo, no entanto, o público foi-se diversificando. Hoje, acho que a maioria não são estudantes brasileiros como era há um ano atrás. Entre 2014 e agora, em 2015, notamos que o público português vem aparecendo mais”. O vocalista conta também que, ao contrário do que se poderia pensar, o público não é formado somente por jovens estudantes e que pessoas de outras faixas etárias também estão a juntar-se à festa.

Apesar das várias apresentações pelas casas de espetáculo do Porto e do norte de Portugal, o grupo não tem dúvidas quando se trata de recordar a mais marcante: a do “Terreirão” (ver foto principal). O projeto já chegou há quatro edições e, na última, conseguiu alcançar o objetivo de simular uma tradicional roda de samba brasileira, ao misturar um domingo de sol, um espaço aberto e uma aproximação íntima entre o público e os cantores.

“Foi marcante não pelo questão do concerto em si, mas porque fomos nós quem fizemos a festa”, conta Frankão, um dos percussionistas do grupo. Segundo o músico, todo o evento foi organizado pelo Samba Sem Fronteiras – desde o aluguer do local, na Baixa do Porto, até ao que seria servido ao público. “Não foi um clima de palco, em que ficámos separados do público. Foi algo bem mais descontraído”, relata.

O Samba Sem Fronteiras apresenta-se, semanalmente, em diferentes casas de espetáculos do Porto. A programação é atualizada na página do grupo no Facebook.