Diminuição do stress, uma melhor comunicação e cooperação entre colegas de trabalho, motivação para sair mais tarde e acabar um trabalho há muito adiado e níveis de satisfação pessoal mais elevados, são apenas algumas das vantagens associadas à presença de animais em espaços de trabalho. Num estudo levado a cabo pela Virginia Commonwealth University (VCU), Randolph Barker, professor universitário, conclui que estes benefícios podem resultar num “aumento gradual da produtividade”.

No Porto, já existem vários estabelecimentos a adotar a política dos animais no trabalho e, por isso, o JPN foi confirmar o estudo da VCU. A primeira paragem foi a Lavandaria Conforto, na Rua dos Bragas, onde encontramos na montra uma cama para o animal de estimação daquele espaço. O gato de Albina Carvalho, gerente da lavandaria, já faz parte da rotina daqueles que trabalham no estabelecimento há quase três anos. “Eu concordo [com o estudo], porque tenho o exemplo aqui”, garante. “Nós muitas vezes estamos muito stressados com o trabalho, mas depois temos alguns momentos em que o gato brinca connosco ou chama a nossa atenção por algum motivo e nós abstraímo-nos do trabalho. E depois ele para nós já é uma espécie de mascote”, conta a gerente. No entanto, não são só os funcionários da lavandaria que beneficiam da companhia do gato: “Os clientes, estudantes aqui da Universidade e turistas, acham muita piada. Alguns já vêm cá de propósito para ver e fotografar o gato”, diz Albina Carvalho.

Outro dos estabelecimentos que conta com um felino à porta é a loja Cedofeita nº300. Margarida Hilário é a gerente do estabelecimento e contou-nos que “o gato inicialmente estava na rua, abandonado” e que decidiu acolhê-lo para lhe fazer companhia. O gato está já há dois anos na loja e desperta a curiosidade de quem passa do outro lado da vitrina onde habitualmente repousa. A gerente da loja realçou a importância do “civismo e da educação, inicialmente nos donos e depois nos animais”, no sentido de que se cultive o hábito de trazer  animais para locais públicos. Margarida afirmou ainda que “o propósito do estudo é tão óbvio que é impossível não concordar com ele”:  “O gato serve para tudo: é a minha companhia, chama à atenção e pode ser uma forma de quebrar o gelo com clientes mais tímidos”, conta.

Na Livraria Paraíso do Livro, situada perto da Praça Carlos Alberto, também existe um felino à espreita na montra por entre pilhas de livros. Amélia Coelho é a proprietária do estabelecimento e conta a história: “Quando tomei conta deste estabelecimento ele não era uma livraria, mas sim uma loja de pássaros. A gata estava abandonada e quando comecei a fazer limpezas reparei que existiam muitos ratos na loja, então decidi trazê-la para cá para me ajudar [risos]”. Não funcionou: “Ela ficava sentada a olhar para eles”. conta, divertida. Mas agora a gata é a sua companhia e “já é muito conhecida e querida entre os clientes”. “Até já somos conhecidos como «a loja do gato», embora tenhamos outro nome”, desvenda.

Parece ser inegável que a companhia de um animal no local de trabalho é benéfica. Alguns dos estabelecimentos da cidade do Porto foram já “invadidos” pelos trabalhadores de quatro patas, o que ajuda a comprovar o estudo lançado pela VCU. Os animais funcionam, para estes comerciantes, como companhia, como forma de se abstraírem do stress e acabam por atrair uma maior atenção para a montra onde se colocam.

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