Comemora-se, a 12 de maio, o Dia Internacional do Enfermeiro. Esta data é, por hábito, marcada por uma forte reflexão dos profissionais de enfermagem sobre as dificuldades enfrentadas na sua profissão. O dia da comemoração foi escolhido em homenagem a Florence Nightingale (nascida no mesmo dia, mas em 1820) considerada, a nível mundial, a precursora da enfermagem moderna.
A enfermeira Guadalupe Simões, representante do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), revelou, ao JPN, que atualmente o sistema Nacional de Saúde carece de 25 mil enfermeiros. O diagnóstico atual da profissão, segundo a enfermeira, enunciou ainda a ausência de material técnico nos centros de saúde e hospitais, e a estagnação salarial dos enfermeiros:
Relativamente ao futuro da profissão, a nível nacional, o SEP espera que as negociações com o Governo avancem no sentido mais favorável possível, tanto para os enfermeiros como para os utentes:
Tiago Malaquias, de 30 anos, é enfermeiro do INEM no distrito de Viseu. Relativamente ao estado atual da profissão, Tiago afirmou, ao JPN, que actualmente não sente a falta de pessoal e de materiais, que o sindicato enunciou de modo explícito. Contudo, admitiu que, através de colegas de profissão, tem a noção de que “há uma proporção baixa de enfermeiros por paciente, de acordo com o que seria ideal”. Apesar de hoje o enfermeiro não sentir muitas dificuldades na profissão, admitiu que no passado nem sempre foi assim. “Já trabalhei noutro local onde o material disponível para os enfermeiros era muitas vezes escasso. Usávamos, por exemplo, muito mais compressas pequenas nos doentes, do que as grandes, porque estas escasseavam mais. E isto representava muito mais custos económicos para o hospital”, comentou. Questionado sobre quais as principais motivações na profissão, Tiago assinalou o acompanhamento do ciclo da vida e a relação empática com os pacientes, como elementos-chave:
O enfermeiro explicou ainda as prioridades principais que os profissionais de urgência têm que cumprir, quando em contacto inicial com os doentes:
Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou, para o ano de 2015, a contratação de dois mil enfermeiros, um número “muito insuficiente para as necessidades do país”, segundo o SEP. Mais de dez mil profissionais de enfermagem pediram, desde 2009, à Ordem dos Enfermeiros, o documento necessário para trabalhar no estrangeiro. O cenário não se assemelha, assim, positivo quanto ao futuro da profissão a nível nacional.
Em Portugal, a forte reflexão sobre o tema assinalou-se no Centro de Congressos de Lisboa, de 10 a 12 de maio, no IV Congresso da Ordem dos Enfermeiros, evento organizado pela Ordem dos Enfermeiros Portugueses, subordinado ao tema “Liderar em saúde, construir alternativas”. O evento contou com a presença de várias personalidades, como a Princesa Muna Al-Hussein da Jordânia, Fernando Nobre, presidente da Fundação AMI, Judith Shamian, Presidente do Conselho Internacional de Enfermeiros e o Ministro da Saúde, Paulo Macedo.