Distinguir as melhores ideias científicas e tecnológicas. Este é o objetivo do Fraunhofer Portugal Challenge 2015 que premiou, na passada quarta-feira dia 28 de outubro, as seis ideias mais inovadoras. O concurso, organizado anualmente pela Fraunhofer Portugal, distinguiu o melhor projeto de mestrado e o melhor de doutoramento de diversas universidades nacionais.

O concurso anual existe desde 2010 e pretende fazer a ligação entre a comunidade científica e a indústria, através do que classifica a “investigação de utilidade prática”, inserida na filosofia da empresa de “alargar o âmbito da sociedade de informação e conhecimento”. Os premiados são jovens estudantes e investigadores, cujos projetos melhor se revêem nesse pensamento e na duplicidade “tecnologia notável e fácil de usar”.

Uma forte componente prática, orientação para o mercado e aplicação na indústria e no dia a dia das pessoas. Quem melhor preencheu estes requisitos – na categoria de mestrado – foi a “cadeira inteligente” de Bruno Ribeiro, estudante da Universidade Nova de Lisboa (UNL). À conversa com o JPN, o mesmo revelou-se, como seria de esperar, bastante feliz com o reconhecimento do seu trabalho.

“O projeto consistia numa cadeira típica com bolsas de ar que permitiam sentir a pressão a que estavam sujeitas”, indicou. Depois de analisadas as informações das bolsas de ar, “para ver qual é a posição típica das pessoas que estavam sentadas”, os valores de pressão das mesmas foram alteradas de forma a ajeitar a postura do utilizador. A própria conformação da cadeira foi alterada de forma a “fazer com que a pessoa, de forma inconsciente, adquirisse uma postura mais correta”. Já possui três protótipos funcionais da cadeira, apesar do projeto ainda não estar a ser comercializado.

Quem também encheu as medidas ao júri, na categoria de doutoramento, foi Sérgio Lopes, da Universidade de Aveiro (UA). O estudante explicou ao JPN de forma detalhada em quê que consiste o seu trabalho. Imagine-se num museu. Aproxima-se de uma obra de arte e esta começa a falar por si. Caminha em direção a outra que passa a falar por si também. “Isso chama-se o context alert. A posição do utilizador num determinado instante é determinante para gerar um conteúdo multimédia”, explica Sérgio.

Júri

Estas duas ideias científicas e tecnológicas foram distinguidas de um total de três de cada categoria. A revelação dos vencedores foi dada na passada quarta-feira, dia 28 de outubro, no Porto. Para avaliar os projetos foi necessário encontrar um júri de relevo nas áreas da tecnologia, ciência, ensino e investigação. Deste júri fizeram parte sete elementos, entre os quais o vereador da Inovação e Ambiente da Câmara Municipal do Porto Filipe Araújo, João Ferreira da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), ou ainda os representantes Marlos Silva e Artur Baptista de empresas de referência como a SONAE e a Vodafone Portugal, respetivamente.

Assim, Sérgio desenvolveu um trabalho num contexto de realidade virtual, uma vez que se trata de “um sistema de posicionamento e localização indoor que vem resolver um problema de deteção de objetos ou pessoas com precisões elevadas, na ordem de centímetros”. De um ponto de vista mais técnico, diz respeito a problemas de uma questão de centímetros mas que podem ter uma importância crucial nas aplicações em que se inserem.

Ainda que esta tecnologia já seja utilizada por algumas empresas e produtos, as soluções têm custos de centenas de euros. Sérgio, com o seu projeto, consegue fazer o mesmo, de forma mais precisa, por apenas umas dezenas de euros. Já possui um protótipo funcional que está neste momento a ser aplicado na área do turismo e está a trabalhar também com audio-guias. Apesar de ter variadas aplicações, o doutorando pretende investir o seu projeto na área de gaming, nomeadamente jogos de realidade aumentada.

Para além dos dois projetos vencedores, mais quatro concorreram aos lugares finais. Na categoria de mestrado, em segundo lugar ficou Diana Batista, que produziu sistema que efetua eletrocardiogramas através dos dedos e em terceiro João Felício, que apresentou uma antena de banda ultra larga para implantação no corpo humano que comunica com um dispositivo externo. Para o concurso a nível de doutoramento, os segundos e terceiros lugares foram atribuídos a Mário Vairinhos e Hoang Van Xiem, respetivamente. O projeto de Mário Vairinhos consistia numa tecnologia que servirá de objeto de estudo ao fenómeno da adaptabilidade dos media tangíveis enquanto o de Hoang Van Xiem representava uma nova solução para codificação de vídeo. Os finalistas dividiram entre si um valor monetário total de 9000 euros.

A Fraunhofer portugal, com sede no Porto, foi criada em 2008 pela Fraunhofer-Gesellschaft e pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã (AHK). É neste momento a maior organização de investigação aplicada da Europa.