Imagine que no próximo fim de semana tem vontade de realizar alguma atividade em particular, mas não o quer fazer só. Atividades como passear de bicicleta, dar uma corrida, visitar algum local. O scale2go pretende ser uma ferramenta que o ajuda a realizar essas atividades e a organizá-las, seja com os seus amigos ou com desconhecidos.

Ana Faria, sócia-fundadora da rede social, trabalhou com Andreas Meiszner neste projeto. A responsável, formada em Economia e também em Gestão Industrial, explica ao JPN que o conceito surgiu por “necessidade pessoal dos seus fundadores” que, muitas vezes, pretendiam realizar atividades mas não conseguiam encontrar nem grupo, nem data ideal para o fazer. “Achámos que deveria haver uma forma mais eficaz de se conseguir juntar um grupo necessário ou encontrar uma data ideal para que pudessem arranjar e organizar as suas atividades”, revela. Nas suas palavras, o scale2go serve para “qualquer um que queira arranjar uma forma mais eficaz de organizar o seu tempo livre”.

Ana deixa bem claro que a startup não vai realizar eventos. Quer é deixar aberta uma plataforma e fazer a ponte entre pessoas ou entidades para que eles próprios disponibilizem os seus eventos. O seu objetivo de base é permitir aos utilizadores “conseguir concretizar uma atividade que de outra forma não poderia”.

Voluntariado

O scale2go também pretende ter uma componente significativa ligada ao voluntariado. Encoraja-se à realização por parte dos utilizadores, jovens em especial, de iniciativas de voluntariado ativo, que funcionem com base em atividades simples tais como limpeza de uma praia, trabalhar em reflorestação ou com um grupo de crianças.

Esse trabalho, para além do valor moral, também terá um efeito no perfil do utilizador. O site dispõe de uma funcionalidade que apelidou de “Créditos do Voluntariado”. Cada utilizador irá receber um crédito por cada hora de voluntariado realizado. Esses mesmos créditos irão funcionar, posteriormente, como forma de conseguir algumas vantagens em atividades, nomeadamente as pagas. “No caso da canoagem, por exemplo, assumimos que terá um custo aleatório de 18 euros por uma descida. A pessoa organizadora pode dizer que atribuí um desconto às pessoas que tenham por exemplo dois créditos de voluntariado. Estes créditos funcionam como moeda dentro da rede”, explica Ana Faria.

No entanto, clarificou que isso ficaria a critério das pessoas organizadoras. Pretende ter mais impacto quando conseguirem angariar mais parceiros físicos e profissionais como entidades empreendedoras sociais, que valorizem realmente esse trabalho.

O site conta já com mais de 700 inscritos Foi lançado em maio deste ano, mas já se encontrava em conceptualização desde o ano de 2013. Tem todos os traços de uma rede social comum, com um perfil para cada utilizador, e contém características típicas como comentários, fotografias e pedidos de amizade. Apesar disso, baseia-se sobretudo na organização de eventos de lazer. O registo na rede social não tem qualquer custo para os seus clientes.

A estrutura para os mesmos assenta em três pilares de base: organizar, participar e solicitar. Cada utilizador pode assumir qualquer um desses papéis. “Eu posso, por exemplo, organizar um passeio de bicicleta só para os meus amigos. Posso participar numa atividade que já esteja disponível na rede, como uma visita a sítio, ou posso, também, às vezes solicitar uma atividade”, revela Ana Faria.

O que é mais precisamente o solicitar? Segundo a gerente, através dessa opção, o utilizador “revela a sua intenção de fazer uma atividade” que não esteja ainda disponível na rede, e “aguarda que surja alguém com capacidade para a organizar”. Esse alguém será outra pessoa inscrito na rede. A atividade fica então registada nos site e permite que outros se possam inscrever para a mesma, de forma a assegurar o grupo mínimo necessário para ela se realizar.

Por isso mesmo, além dos cidadãos comuns, o website também se dirige a profissionais da organização de eventos de lazer. Espera-se que os mesmos se juntem ao projeto e organizem os eventos através desta plataforma. “Os profissionais vêm porque naturalmente há uma série de actividades que têm um custo inerente, que de facto têm de ser realizadas por alguém da área”, diz a responsável. Para perceber melhor, um dos exemplos dados é a organização de uma descida de canoagem, que requer meios para a realização da mesma. O enquadramento da descida, nesse caso, teria que ser profissional. Ainda assim, Ana Faria nota que “há muitas atividades que se conseguem fazer sem qualquer entidade profissional como correr, andar, entre outras”. O registo para o site também é gratuito para as entidades, não sendo necessário o pagamento de qualquer valor.

Em relação ao planeamento e organização dos eventos e atividades, quase tudo fica ao critério dos utilizadores. No caso da solicitação, é essa pessoa que refere as suas preferências em relação às datas disponíveis para organizar algum evento, por exemplo. Para a organização, a pessoa ou entidade é quem decide a quem se dirige o seu evento, se apenas aos seus amigos ou também a desconhecidos, além de também definir datas. É também esse utente quem se encarrega de disponibilizar toda a informação relativa ao próprio e a segurança dos restantes.

Depois de realizada a atividade, será possível aos participantes atribuir à pessoa ou entidade organizadora uma nota de 1 a 5, além de estar disponibilizada uma oportunidade de deixar um comentário sobre a mesma. O propósito é “deixar aos outros a informação se um utilizador tem tendência para portar-se bem ou não”, segundo Ana Faria, seguindo assim as normas de outras plataformas online de turismo.

Para o futuro próximo, a prioridade passa por dinamizar e estabilizar o website. Existem algumas ideias de aplicações internas ao mesmo que possam ser introduzidas. Um dos exemplos dados é a partilha de recursos. No caso de um passeio de bicicleta, a ideia seria introduzir um serviço de partilha de bicicletas para permitir mesmo quem não tenha uma de participar nesses eventos. Outra das sugestões de aplicativos internos é, por exemplo, fornecer dados estatísticos e meios de comparação às pessoas que gostam de correr para que possam avaliar-se relativamente aos seus amigos. Numa fase posterior, só “depois de estar o conceito finalizado”, devidamente difundido e introduzido, será iniciado o desenvolvimento de aplicações para smartphones.

O projeto scale2go foi desenvolvido com várias parcerias entre as quais a Wiremaze, que tratou da parte tecnológica do serviço, da BICMinho, que se ocupou da parte económica e de captação de financiamento e capitais de risco e, por fim, a Lufthansa Ground Service Portugal (LGSP) que se dedica a eventos, activação de marca e é vocacionado sobretudo para atividades turísticas.