Antes de levar à chanceler alemã, Angela Merkel, a proposta de acolher refugiados nas universidades e politécnicos portugueses, o Governo auscultou as instituições para avaliar a disponibilidade de cada uma na matéria.

Como explica ao JPN Joaquim Mourato, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), cada instituição fez saber à tutela a sua capacidade de acolhimento. No total, e de acordo com a notícia hoje avançada pelo jornal “Público”, o Executivo liderado por António Costa terá asseguradas duas mil vagas.

O objetivo do Governo é participar do esforço de acolhimento de refugiados na Europa, recebendo estudantes que assim podem continuar o seu percurso académico e beneficiando ao mesmo tempo as instituições que assim garantem algum encaixe financeiro. A intenção foi publicamente assumida, já esta sexta-feira, pelo primeiro-ministro, na Alemanha. Falta desenhar um plano.

António Cunha, presidente do Conselho de Reitores, assegura que as instituições têm capacidade para absorver mais pessoas, a questão é outra e tem a ver com a definição de um plano de integração dos refugiados que venham para o nosso país para estudar. “São pessoas cuja integração no nosso sistema certamente não será fácil e colocará todo um conjunto de situações que têm que ser analisadas, vistas e enquadradas”, alerta o reitor da Universidade do Minho em entrevista ao JPN.

O responsável indica que é preciso avaliar, por exemplo, se estas pessoas reúnem condições para entrarem “diretamente no sistema”.

“Acho interessante que o Governo sinalize esta disponibilidade junto do Governo alemão, mas a partir de agora há um conjunto de situações que terão de ser analisadas e estudadas e isso não foi feito”, conclui.

Mais otimista está Joaquim Mourato. “Obviamente serão estudantes com necessidades muito específicas, mas cada instituição será certamente capaz de encontrar as respostas adequadas para garantir uma plena integração e para que tenham o sucesso escolar que todos queremos”, refere ao JPN.

O presidente do Politécnico de Portalegre enaltece a disponibilidade manifestada pelas instituições. “É uma situação nova para todas as partes, instituições e refugiados, mas também é uma aprendizagem muito forte para toda a comunidade académica da instituições”, frisa.