“Não é um projeto de calendário, é um projeto para sempre”, sublinha ao JPN José Paiva, diretor da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP). “Cinema de Bairro” é o projeto mais recente da escola, que pretende tornar-se um espaço mais aberto à vizinhança. Os portões prometem estar abertos para já aos sábados, para verdadeiras matinés. Os curiosos só terão de espreitar e entrar. Afinal, estão todos convidados.

A ideia nasceu da necessidade de reforçar o papel da faculdade junto da comunidade, em especial da vizinhança. “Não é só promover a educação, o ensino e a aprendizagem, mas a relação também cultural com a cidade”, aponta o diretor da instituição. Este dever, aliado ao facto de Belas Artes ter sido no passado “palco de acontecimentos que envolveram muita a vizinhança”, acabou por fazer germinar o projeto.

Os filmes

6 de fevereiro –  “O Meu Tio” de Jacques Tati;

13 de fevereiro – “Welcome” de Philippe Lloret

20 de fevereiro – “Roma Cidade Aberta” de Roberto Rossellini

27 de fevereiro – “O Salão Jimmy” de Ken Loach

“Cinema no Bairro” nasce no mês de fevereiro, pela mão de um grupo de professores e estudantes. “Nem sequer é uma iniciativa de caráter institucional, é uma iniciativa do grupo da comunidade da escola”, indica o professor. Há quatro filmes “cuidadosamente” selecionados para este mês e a primeira sessão acontece já no sábado. “O Meu Tio”, de Jacques Tati é a escolha para o primeiro momento cinematográfico que acontece às 17h00.

Mas não são apenas as sessões de cinema que estão disponíveis na faculdade. A organização convida a um passeio pelos jardins do espaço e dá acesso a uma exposição no novo Pavilhão de Exposições da FBAUP. Tudo de forma gratuita. O convite é lançado sobretudo à vizinhança. Um trabalho que tem sido feito, por alunos e professores, porta à porta pelas ruas.”Nós sabemos que isto no início provavelmente vai ser tímido, mas com a habituação vai criar aqui uma rotina de um grupo de pessoas que vêm e convivem entre si”, refere José Paiva.

O diretor deixa uma certeza: este não é um projeto efémero, “que nasce e morre”, é algo para durar e criar hábitos na vizinhança. Além disso, o “Cinema no Bairro” vem contrariar a escassez de salas de cinemas nas ruas da cidade e tornar-se numa porta aberta com programação de qualidade. A Medeia Filmes é a parceira do projeto. Uma parceria “quase natural”, dada a ligação amigável que a distribuidora estabelece com a faculdade.

A programação de fevereiro está fechada e já se prepara a de março. O objetivo é que seja aberta a todos e não a um setor do público específico. “Uma seleção que junta um pouco a história do cinema à modernidade, à atualidade”, desvenda o diretor da FBAUP.

A Faculdade de Belas Artes, através do ciclo de cinema quer transformar-se num espaço de convívio regular da vizinhança. “A primeira fase foi tornar a escola mais transparente. Agora temos um segundo plano que é tornar a escola aberta, ou seja, a escola também faz parte da comunidade”, reforça José Paiva.