Contactado pelo JornalismoPortoNet, o especialista em política espanhola da Rádio Renascença José Bastos, em análise às diversas consultas de opinião, verificou “ligeiras tendências de queda para o PP face aos resultados de 2000, e uma tendência de alta do PSOE“. Sem maioria absoluta, o acordo com outras forças políticas parece inevitável.

O analista excluiu a sondagem do Centro de Investigações Sociológicas (CIS), o único que previa maioria absoluta para o PP. O CIS é um instituto controlado pelo ministro da Presidência actual, que é Mariano Rajoy, o próprio candidato do PP.

José Bastos não crê na possível influência de Mariano Rajoy neste “organismo prestigiado” com técnicos “dificilmente manipuláveis numa lógica partidária”. Os especialistas do CIS negam qualquer interferência e justificam os resultados com o volume do cidadãos consultados (24 mil inquiridos).

Autonomias diferenciam partidos

Caso o PP alcance a maioria absoluta, irá “consolidar a linha de confronto político, jurídico e institucional com os partidos nacionalistas, em particular o PNV basco e a Esquerda Radical Catalã independentista”. Pelo contrário, uma vitória dos socialistas “poderá abrir caminho a uma via de negociação de reformas, alargada a outras autonomias que não apenas a basca e a catalã”.

José Bastos acrescenta que os socialistas espanhóis podem assegurar “um novo modelo autonómico para os próximos 25 anos, como o que a Constituição dos anos 70 fixou para as últimas décadas”.

Entretanto, os partidos nacionalistas “estão a perder votos no seu conjunto”, o que poderá indicar a preferência pelo discurso da estabilidade institucional sobre a redefinição das autonomias. Na campanha política, “o PP continua a acusar o PSOE de falta de lealdade ao pacto anti-terrorista”, mantendo a ETA no centro da discussão.

Boas perspectivas para Portugal

Para José Bastos, “não há qualquer indício que antecipe uma ruptura neste quadro de entendimento, qualquer que seja o novo primeiro-ministro espanhol”.

O analista recorda que a aproximação entre os dois países “é hoje determinada pelo grau de integração das duas economias e a acção política vai, neste caso, a reboque da economia”.

Manuel Jorge Bento
Foto: Associated Press