Cavaco Silva confessa que não tem saudades da vida política. À questão, quando volta à vida política activa, Cavaco responde com uma pergunta “se olhar para a nossa vida político-partidária, acha que eu tenho razões para ter saudades?”. Apesar da resposta, Cavaco não revela se é ou não candidato às presidenciais de 2006. O ex-primeiro ministro considera mesmo que é “deselegante” para com Jorge Sampaio falar neste assunto quando faltam precisamente dois anos para as eleições presidenciais. Recorde-se que as eleições para a Presidência da República vão realizar-se no dia 9 de Março de 2006. Cavaco Silva garante que a escolha da data para apresentar o segundo volume da sua autobiografia “foi mera coincidência”.

Questionado, em abstracto, sobre quando a melhor altura para um possível anúncio de uma candidatura, Cavaco Silva relembra datas passadas: “nas eleições de 1996, Sampaio candidatou-se 10 meses antes das eleições e eu por força de ser primeiro-ministro candidatei-me 3 meses antes, é um registo factual”.

Presidenciais à parte, Cavaco Silva quer que as atenções se concentrem nesta autobiografia que, segundo o próprio, tem o objectivo de “repor a verdade de 10 anos de governação”. Neste segundo volume, o ex-primeiro-ministro revela algumas gaffes, admitindo que “um dia cometi o erro político de dizer que só gastava cinco minutos de manhã e cinco minutos à tarde a ler os jornais” e citando um jornalista famoso, acrescenta que “há coisas verdadeiras que um primeiro-ministro não pode dizer”.

Esta tarde, foram muitos os que assistiram ao lançamento do segundo volume da “Autobiografia Política” de Cavaco Silva. Entre a vasta assistência destacou-se o ex-ministro da Agricultura e Pescas, Arlindo Cunha que, em declaração à Lusa, revelou que “seria uma tragédia se (Cavaco) não se candidatasse” ou então Valente Oliveira, ex-ministro do Planeamento e Administração do Território, que considera Cavaco Silva “um bom candidato”. Quem também partilha desta opinião é o Presidente da Associação Empresarial de Portugal, Ludgero Marques. Rui Rio, que assistiu à apresentação do livro, não quis pronunciar-se.

Vânia Cardoso