A tabela de vendas de singles em Portugal deixou de ser compilada. A decisão da Associação Fonográfica Portuguesa (AFP) prende-se com a falta de expressão do mercado em Portugal. Eduardo Simões, director geral da AFP, disse, em declarações à Lusa, que “o mercado dos singles tornou-se muito pequeno” e que “as tabelas de vendas não dão aos profissionais uma leitura da realidade do mercado”.

Em lugar da tabela de singles, a AFP passa a compilar as vendas de DVD musicais, o único produto musical que em 2003 conheceu vendas assinaláveis. A quebra na venda de discos em 2003 ficou perto dos 10 por cento e o número de unidades vendidas não conseguiu chegar aos 10 milhões, segundo os dados da AFP.

Um formato em crise

Em 2003, no Reino Unido, as vendas dos singles cairam 30%. Mesmo desconhecendo os números portugueses, Ricardo Nunes, responsável pela secção de discos da FNAC de Santa Catarina no Porto, diz que a situação deve ser igualmente negra para o formato. Hoje, “se alguém quer uma música ou o ‘remix’ faz o ‘download’ na Internet”, conclui.

“A produção de singles pode já não fazer muito sentido para a indústria”. É a opinião de Hugo Oliveira, empregado da Matéria-Prima, loja especializada em música electónica e alternativa do Porto. No entanto, a Matéria-Prima é uma excepção, pois não se dedica à música “mainstream”. “O nosso baixo volume de vendas atenua qualquer quebra de vendas”, diz Hugo Oliveira, acrescentando que a loja dedica-se a um público específico que “gosta de ter o objecto” ou a DJs que procuram discos em vinil.

O custo a pagar por um single parece demasiado elevado para o consumidor quando as músicas estão disponíveis gratuitamente na Internet. Um estudo do NPD Group, citado pela BBC, conclui que 85% das pessoas que procuram música na Internet fazem “download” de apenas um tema.

O ano passado, pela primeira vez, os lucros resultantes da faixa com mais “downloads” nos EUA ultrapassaram o single número um do top da Billboard.

Pedro Rios