O Benfica realizou ontem uma das melhores exibições da época e esteve bem perto de bater o milionário Inter de Milão. Numa noite fantástica e com o novo Estádio da Luz a rebentar pelas costuras, ao Benfica faltou um pouco de sorte para vergar a equipa italiana.

A história do jogo não é difícil de contar. Desde o primeiro minuto se apercebeu que o Benfica era a única equipa que trazia vontade de vencer. Os italianos apresentaram-se em Lisboa fazendo jus à fama italiana, mais interessados em não sofrer do que em marcar. Alberto Zaccheroni apresentou 3 centrais que foram sempre demais para apenas um avançado do Benfica. A equipa que iniciou a partida preconizava o típico 3-5-2 italiano. Porém, desde cedo se entendeu que o técnico nerazzuri optou por manter recuados os falsos alas, jogando com uma linha de cinco defesas e deixando o meio campo entregue a três jogadores que mais não fizeram do que ajudar a fechar a entrada da área e compensar alguma distracção dos laterais interistas. Lá na frente, Martins e Recoba jogavam desapoiados. Não foi de estranhar que nunca tenham disposto de verdadeiras oportunidades para desafiar Moreira.

Foi, portanto, natural, que o Benfica tivesse assumido as despesas do jogo. Com Armando e Miguel muito activos, a aproveitar bem a inércia ofensiva de Helveg e Zanetti e encontrando em Petit o motor necessário para dar “gás” à equipa, o Benfica criou uma série de boas oportunidades que só não deram golo devido à ineficácia na finalização e ao talento de Toldo.

O árbitro

Um erro grave marca a actuação do holandês Wegereef: um penalty não assinalado a favor do Benfica por agarrão de Júlio Cruz a Luisão. Na condução do jogo não pareceu muito seguro e no critério disciplinar foi incoerente e flexível. Petit e Helveg poderiam ter deixado as respectivas equipas a jogar com 10.

Reacções

No final do jogo era visível o desalento nas hostes encarnadas, misturado com a esperança de conseguir um bom resultado em Itália.

Álvaro Magalhães foi o porta voz encarnado na conferência de imprensa. Camacho não prestou declarações devido aos acontecimentos da manhã em Madrid. O adjunto do Benfica salientou uma “grande exibição e a esperança de trazer de Itália a passagem aos quartos de final”. Mostrando-se orgulhoso pela prestação dos jogadores, Álvaro considerou que o Benfica “fez o melhor jogo da época”.

Alberto Zaccheroni partilhou da mesma opinião do homólogo benfiquista e reconheceu a superioridade dos portugueses, dizendo que, para o Inter ser apurado “terá de fazer muito mais em Itália”, pois e jogar como aqui, “terá muitas dificuldades em se apurar”. O treinador italiano achou o Benfica uma equipa “forte tecnicamente, dinâmica e com dois extremos muito rápidos”.

Javier Zanetti corrobora com o treinador e elogia Simão: “é um jogador muito interessante, muito veloz”

Taça UEFA – Oitavos de final – 1ª mão

Estádio da Luz – 64569 espectadores Árbitro: Jan Wegereef (Holanda) Auxiliares: Adrian Inia e Wijnard Rutgerf 4º Árbitro: Van Egmond

Benfica – Moreira, Miguel, Luisão, Ricardo Rocha e Armando(Cristiano,69), Petit, Tiago, Geovanni (João Pereira, 61), Zahovic (Manuel Fernandes,79) e Simão, Sokota

Inter de Milão – Toldo, Córdoba, Adani e Cannavaro, Helveg, Cristiano Zanetti, Fariños (Okan, int.), Karagounis e Javier Zanetti, Recoba (J.Cruz, 56) e Martins

Disciplina – Amarelo para Petit(43), Helveg(12), Fariños(37), C.Zanetti(72) e Córdoba(78)

André Morais
Foto: SLBenfica.pt