Ana Cristina Pinto, psicóloga social, considera que o 11 de Março conseguiu alastrar o medo pelas populações.

Para esta investigadora da Faculdade Psicologia da Universidade do Porto, em Portugal, o sentimento predominante não é o pânico mas o medo, “já que o pânico é uma emoção colectiva e não individual que se manifesta em massa”. A psicóloga acrescenta ainda que “as situações de pânico são mais passíveis de acontecer no local dos acidentes e de serem experimentadas pelas pessoas directamente envolvidas”.

Nos últimos dias, os media têm dado conta de um clima de insegurança que se faz sentir um pouco por todo o país. A informação de que Portugal faz parte da lista negra da Al Qaeda, aliada às notícias de ameaças de atentados, têm suscitado o medo e o receio dos portugueses.

Contudo, na opinião de Ana Cristina Pinto, “é este medo que tem deixado as pessoas mais alerta e, nesse sentido, tem feito com que alterem os seus comportamentos. Uma mochila abandonada, terá agora mais dificuldade em passar despercebida”, exemplifica.

Portugal irá receber, dentro de alguns meses, eventos de grandes dimensões, que contarão com um grande número de pessoas. O 13 de Maio, o Rock in Rio e o Euro 2004 são apontados como alvos preferenciais para possíveis ataques terroristas.

Os portugueses temem pela sua segurança e, neste sentido, diz Ana Cristina Pinto que “é provável que haja algumas desistências”. No entanto, desdramatiza afirmando que “à medida que o tempo vai passando, as pessoas tendem a esquecer e a voltar à rotina”. Para a psicóloga, o que se está a passar não é mais do que o fruto da imediaticidade dos acontecimentos. “É uma realidade muito recente, mas que apesar de estar aqui ao lado, não é nossa, pertence a Espanha. Os portugueses ressentiram-se porque, de alguma forma, se identificaram com a situação. Trata-se do que podia ter acontecido, mas não aconteceu”, explica.

Para Ana Cristina Pinto, “a atenção que está a ser dada pelos media aos grandes eventos que aí vêm e à coincidência entre datas pode estar a ser prejudicial”. Na opinião da psicóloga, “prever que uma situação vai acontecer em determinada data pode gerar grandes estados de ansiedade, o que não se revela positivo”.

Ana Guedes Rodrigues