Uma produção que para Barros Cardoso, prof. de História Moderna, poderá captar a atenção de um público, normalmente, distanciado da história de Portugal.

Estamos no ano de 2004. As Caves Ferreira são palco das filmagens de uma série da RTP, intitulada “A Ferreirinha”, uma biografia de D. Antónia Ferreira, em jeito de homenagem à época áurea da produção de vinhos do Porto.
Francisco Moita Flores escreveu o argumento, Jorge Paixão da Costa realiza e um vasto elenco de actores, entre os quais, Filomena Gonçalves, que interpreta “Ferreirinha”, António Capelo e Victor Rocha dão vida às personagens. O cenário das caves convida a uma viagem no tempo.

Recuámos, então, até ao ano de 1751. Nesta data foi fundada a “A.A Ferreira, SA”, também conhecida por “Casa Ferreira”. Nesse mesmo ano começou a actividade comercial que veio a consolidar-se com o casamento de António Bernardo e Antónia Adelaide. Esta mulher conseguiu dar um grande impulso à viticultura no Douro. Entre os seus contemporâneos era apelidada de “Ferreirinha”.

Para compreender melhor quem era D. Antónia e a época em que viveu, o JornalismoPortoNet falou com um investigador de História Moderna e da região do Douro, professor Barros Cardoso. Este professor define D. Antónia Ferreira como “mãe de família, mulher com vocação especial para os negócios, arrojada, voluntariosa e empreendedora.”. Para além disso, acrescenta este professor da Faculdade de Letras da UP: “constituiu um exemplo sem par no Douro. Muitos chamaram-lhe “santa” e, não raras vezes foi apelidada de “mãe dos pobres”. Na altura, refere o catedrático, Ferreirinha adquiriu um estatuto de figura mítica em virtude da solidariedade e generosidade com que tratava os mais humildes e também com a altivez com que lidava com os mais poderosos.
Na opinião de Barros Cardoso, mesmo tendo vivido num período particularmente difícil para o Douro, D. Antónia influenciou e deixou marcas na vivência social do seu tempo. Na verdade, “nada impediu a Ferreirinha de perseguir o seu sonho, semeando notícia dos seus empreendimentos por toda a região vinhateira”, concluiu.

Em declarações ao JornalismoPortoNet, Barros Cardoso salientou a importância deste tipo de séries: “indiscutivelmente que uma série televisiva sobre uma figura tão emblemática da região duriense poderá interessar um público, normalmente, distanciado da História e ajudará a fomentar o gosto pela História de Portugal em camadas extensas da população”.

Andreia Abreu