A recém criada Comissão Representativa de Empresários, Proprietários e Moradores de Alcobaça admite processar a autarquia caso as propostas da comissão sejam rejeitadas.

No passado dia 2 de Fevereiro, mais de 300 comerciantes, proprietários e moradores de Alcobaça fizeram um desfile de protesto contra as obras projectadas para o centro da cidade. Na sequência da manifestação, a câmara local suspendeu o processo de requalificação do centro histórico até haver novas reuniões com o arquitecto responsável pelo projecto, Gonçalo Byrne.

O porta-voz do CREPMA, Vasco Gomes, diz que “ao ser feito o projecto e levado a cabo da forma que a câmara apresentou isto, iria provocar um congestionamento global da cidade, porque não haveria alternativas à circulação. Iria, como é óbvio, causar ausência de estacionamento, a redução drástica da área comercial, a redução gradual dos cerca de 600 postos de trabalho que, neste momento, dependem do centro histórico, a desertificação social”.

Vasco Gomes acusa ainda a Câmara Municipal de Alcobaça de não ter criado condições para a discussão pública do projecto e de desvalorizar as reivindicações dos comerciantes e moradores.

O presidente da Câmara, Gonçalves Sapinho, desmente as acusações e garante que a autarquia dialogou atempadamente com a comissão. “Essa comissão apareceu na câmara, a câmara – mesmo apesar da comissão não estar reconhecida – reconheceu-a como interlocutora, dialogou com ela, foi prometido que era suspensa toda a actividade relativa à requalificação. Portanto, houve o compromisso de conversarmos, de não avançarmos com nada, de suspendermos tudo o que estava em curso até conversarmos.”

Entretanto, estão agendadas reuniões do arquitecto Gonçalo Byrne com o CREPMA para 22 e 30 de Março. Mas também estes encontros estão envoltos em controvérsias – Vasco Gomes garante que a comissão nem sequer teve acesso ao projecto de arquitectura, pelo que não dispõe das ferramentas necessárias para a análise da situação. Gonçalves Sapinho, por sua vez, afirma que “todos os projectos foram definidos para serem entregues” junto do CREPMA, “excepto os que datam de há dois ou três dias”.

Enquanto o diálogo não avança permanece a falta de entendimento. As obras, que não chegaram sequer a iniciar, continuam suspensas.