Face à crescente falta de verbas para manter o Pavilhão da Água em funcionamento, a autarquia do Porto luta agora para integrar o equipamento no programa Ciência Viva. Se a candidatura ao programa for aprovada, fica garantido o apoio financeiro, uma vez que a rede Ciência Viva é financiada pelo Estado e por Fundos Comunitários.

Quem gere o Pavilhão da Água é a Fundação Ciência e Desenvolvimento, que resulta de uma parceria entre a Câmara e a Universidade do Porto. É a mesma fundação que administra o Teatro do Campo Alegre e o Planetário do Porto.

Para conseguir apoio financeiro por parte do Estado, a Fundação Ciência e Desenvolvimento entregou, a 4 de Junho de 2003, uma candidatura para integrar o Pavilhão da Água no programa Ciência Viva. No entanto, a autarquia portuense não obteve resposta até ao momento.

Pavilhão da Água numa encruzilhada

Um dos administradores da Fundação Ciência e Desenvolvimento é o professor Ribeiro da Silva, vice-reitor da Universidade do Porto. Ribeiro da Silva explicou ao JornalismoPortoNet (JPN) que o Pavilhão da Água apresenta dois problemas diferentes: “um é o edifício em si” e o outro é a renovação dos conteúdos.
Quanto ao primeiro problema, Ribeiro da Silva refere que poderá haver uma “inadaptação de alguns materiais”, uma vez que o Pavilhão da Água foi “transplantado” da Expo’98, em Lisboa, para o Parque da Cidade do Porto.

Pavilhão pode fechar

“O perigo de o Pavilhão da Água fechar existe, mais até do que o Planetário”, garante Ribeiro da Silva. É que, para além da falta de verbas para renovar as experiências do pavilhão que se foram “degradando”, há ainda “defeitos graves nos materiais” do edifício. “Precisamos de dinheiro para renovar o pavilhão, e não temos dinheiro a não ser da Câmara”, lamenta Ribeiro da Silva.

Na opinião do vice-reitor da UP, “é na Ciência Viva que deve ser posto o problema”, porque “a Câmara não vai arcar sozinha com essas despesas”.
Ribeiro da Silva acredita que a “promoção da cultura compete ao Estado, às autarquias e à Universidade”, e defende que “o Estado, enquanto entidade que também tem interesse na divulgação da ciência, terá que assumir a sua responsabilidade”. “É que estes equipamentos não são apenas para a cidade do Porto”, afirma.

O vice-reitor da UP compara o investimento feito nos equipamentos culturais do Porto com as verbas que foram disponibilizadas pela Fundação Ciência e Tecnologia (FCT) para o aluguer do Pavilhão do Conhecimento em Lisboa (2,5 milhões de euros) e afirma que “é preciso repensar as coisas”. Ribeiro da Silva critica a “macrocefalia de Lisboa” e refere que, “mesmo em tempo de contenção, o poder tem que se convencer que a descentralização não é apenas uma ideia bonita, mas que tem de ser efectuada”

“O país não é só Lisboa”

De acordo com Ribeiro da Silva, o Ciência Viva “tem investido muito em muitos sítios”, mas em Lisboa o investimento tem sido maior, havendo uma “desproporcionalidade” em relação ao resto do país. Em face disto, o vice-reitor da UP defende uma “distribuição equitativa” dos investimentos na ciência, porque “o país não é só Lisboa”, afirma.

Caso a candidatura ao programa Ciência Viva não seja aceite, Ribeiro da Silva garante: “vamos ter sérias dificuldades”.
Idêntica situação é aquela que acontece com o Planetário do Porto, que também pode encerrar por falta de apoio estatal.

Para Ribeiro da Silva, um possível encerramento do Pavilhão da Água “é uma tragédia” para a área da educação. Na opinião do vice-reitor da UP, “perceber a dinâmica da água” é fundamental, e o pavilhão desempenha um importante papel na educação ambiental.

O JPN tentou ouvir também o presidente da Fundação Ciência e Desenvolvimento, mas até ao momento não obteve resposta de Paulo Cutileiro, vereador da Educação da Câmara do Porto.

Ana Correia Costa