António Bastos, delegado distrital da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), é “totalmente contra o aumento” de 2,5% nas tarifas de táxis, que eleva o preço da bandeirada para 1,95 euros. Em declarações ao JornalismoPortoNet, afirma que “o sector já está em crise há muito tempo” e que esta medida “vai mexer ainda mais no bolso da população”.

Pelo contrário, Olímpio Luvio, coordenador da região norte da Federação Portuguesa de Táxis (FPT), afirmou-nos que “o aumento não é exagerado”. O valor, negociado entre os diversos parceiros sociais, representa um acréscimo de cinco cêntimos nas tarifas de táxis e de um cêntimo por quilómetro.

Por cada 290 metros, o taxímetro acrescenta dez cêntimos à conta do passageiro (quando a contagem era feita aos 300 metros) ou a cada 40 segundos, caso a velocidade média seja inferior a 14 Km/hora (quando eram registados aos 42 segundos).

Nos serviços pagos à hora, os primeiros 60 minutos custam 8,40 euros e as meias horas seguintes 4,18 euros cada. A FPT pretendia um aumento do preço por hora para nove euros. Fora das grandes cidades, onde é usado o taxímetro, o preço por quilómetro aumenta de 0,34 para 0,35 euros.

O problema que une os taxistas

A falta de clientes é um problema apontado por todos os taxistas e um assunto que une a ANTRAL e a Federação de Táxis. Desta forma, Olímpio Luvio reconhece que “aos industriais do sector não interessa pedir grandes aumentos porque já há poucas pessoas a andar de táxi”.

Para combater este problema, “a melhor maneira é negociar com o Governo para que os preços dos transportes públicos desçam para captar mais clientes”, refere António Bastos.

Metro agrava situação

O JornalismoPortoNet saiu à rua para confirmar a divisão existente entre os taxistas. Joaquim Moreira comenta que este “é um aumento irrisório que só assusta as pessoas, mas que não as prejudica”. Na sua opinião, não vai haver um decréscimo da procura porque, “se é verdade que se pode escolher outros transportes, também é que é o táxi que se chama num caso urgente”.

Por outro lado, Jorge Costa não concorda com o aumento porque “as pessoas não têm poder de compra para andar de táxi”. Refere o profissional que, “nos últimos anos, o número de viagens desceu em 50% e, com estes cinco cêntimos a mais, teremos ainda menos clientes”.

Segundo este taxista, quando o metro percorrer toda a cidade, “esta situação vai agravar-se ainda mais”. O salário é outro problema deste sector. Jorge Costa referiu ao JornalismoPortoNet que, em média, trabalha entre as sete e as 21 horas para fazer 75 euros. Destes, apenas recebe 35% (26 euros). “Nem o nosso patrão nem nós ganhamos muito”, refere. Para Joaquim Moreira, o ordenado médio de 500 euros “não é mau porque já é acima do salário mínimo”.

“É sempre o povo que paga”

Do ponto de vista dos utilizadores, o aumento “não é uma boa medida porque a vida está cara”, adianta o gerente Manuel Vieira.

Rosa Pereira está conformada: “É sempre o povo que paga todos os aumentos que são anunciados. Quando precisamos de um táxi não perguntamos pela tarifa; é uma questão de necessidade”.

Manuel Jorge Bento

Foto: ANTRAL