Estrearam o livro de ponto da Faculdade de Direito da UP e, 5 anos depois, conquistaram o mercado de trabalho. “O mundo jurídico reconhece hoje os advogados, magistrados e juristas da FDUP entre os melhores do país”, adiantam os antigos alunos ao JornalismoPortoNet. Pedro Teixeira Sousa, Anabela Leão e Daniela Silva, dão rosto à primeira “fornada” de finalistas.

Em 1995, a Universidade do Porto abria as portas aos cem primeiros alunos de Direito. No ano 2000, cerca de 50 juristas saíam para um mercado de trabalho que desconheciam e que os desconhecia. Quase todos ficaram bem colocados, sem perder de vista “perspectivas de futuro”. Motivo de orgulho para todos são as “provas positivas” prestadas na Ordem dos Advogados, no Centro de Estudos Judiciários e na docência.

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Anabela Leão é jurista, docente da FDUP, onde lecciona Direitos Fundamentais e Direito Administrativo. Já guardou a pasta do Direito Constitucional e foi monitora da faculdade na recta final do curso. Quando terminou a licenciatura concorreu a assistente estagiária e conseguiu o lugar. “Tive uma entrada na vida activa bastante confortável. Foi uma transição pacífica”, reconhece Anabela, sublinhando o gosto especial que nutre pela docência. “Na Faculdade de Direito preparamos bem os nossos alunos”, acrescenta, invocando argumentos “objectivos”: “a média de entrada é boa, a mais alta entre as faculdades públicas. Não se trata de puxar a brasa à sardinha porque isso é claramente objectivo. Nas áreas em que se têm envolvido, os licenciados da FDUP têm prestado provas. E os resultados falam por si”.

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Pedro Teixeira Sousa trabalha numa sociedade de advogados há dois anos e meio, estando mais envolvido na área do Direito Civil e de Processo Administrativo. Cumpriu o estágio da Ordem dos Advogados num escritório tradicional, em que a “partilha de meios” ditava o funcionamento, e em 2002 fez uma Pós-Graduação em “Novo Contencioso Administrativo”. Da experiência que leva na bagagem tira a ilação que “as sociedades de advogados fomentam a especialização, sendo que os advogados generalistas tendem a desaparecer”. O advogado acredita que a especialização pode significar um melhor serviço prestado ao cliente. A Faculdade de Direito não forma advogados especialistas, mas Pedro aponta outra mudança mais premente. “A Faculdade de Direito da UP tem de se abrir ao mercado da formação contínua.” Pedro Teixeira Sousa lembra que outras faculdades têm um vasto leque de ofertas no que diz respeito à formação depois da licenciatura e por isso acredita que a FDUP deve entrar no mesmo ritmo.

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Daniela Silva partilha a mesma opinião e acrescenta que “a obrigatoriedade da formação contínua de todas as profissões jurídicas é uma questão complexa que deve ser estudada com cautela”. A futura magistrada apresenta um currículo diferente e igualmente invejável. Fez estágio em advocacia no final da licenciatura, realizando depois os exames de ingresso no Centro de Estudos Judiciários (CEJ) em 2003. Entretanto concluiu uma pós-graduação em “Ciências Jurídico-Empresariais” e neste momento cumpre a fase teórico-prática de formação no CEJ. “Sinto que a minha vocação é a Magistratura Judicial”, assegura a futura Juíza. Também para os juízes a especialização é “imprescindível”, explica Daniela Silva, “dado o volume de trabalho nos tribunais, a cada vez maior exigência de uma resposta eficaz, a constante mutação das normas. Mas nunca se deve perder de vista os outros ramos do Direito”.

Mudam-se as leis…

As recordações dos anos de faculdade são comuns aos três antigos alunos. O espaço exíguo no Campo Alegre proporcionava uma convivência única, que contribuiu especialmente para a união e cumplicidade entre estudantes, docentes e funcionários. “Quando a faculdade nasceu funcionava de forma quase artesanal, segundo um modelo familiar”, conta Anabela Leão. Os primeiros alunos foram experimentando a novidade do curso ao longo dos cinco anos. “Não tínhamos as frequências do ano anterior, material de apoio que os alunos de hoje não dispensam!”, acrescenta com um sorriso.

Daniela Silva lembra as experiências pioneiras da criação da Associação de Estudantes e dos grupos académicos. “Participei na fundação da Tuna Feminina da FDUP, onde tocava bandolim. Lembro-me especialmente de um festival em que arrecadamos todos os prémios e de uma carta que escrevemos ao Conselho Directivo da faculdade para comprar um bandolim. Até incluímos uma citação em latim!”, recorda bem disposta.

As noites da Queima eram, como para todos os estudantes, especiais e Pedro Teixeira Sousa lembra momentos divertidos no Palácio de Cristal. “Não tínhamos barraca no primeiro ano e reuníamos perto do rio, junto de uma estátua. A partir das 4 horas da manhã, um colega nosso tinha por hábito fazer discursos políticos inflamados… Memoráveis!”

Alunos “de primeira” ou profissionais bem sucedidos

“50% dos advogados portugueses têm um vencimento inferior a 1000€”, é o resultado de um inquérito recente que Pedro Teixeira Sousa refere a propósito da inserção dos licenciados da FDUP no mercado de trabalho. Os três antigos estudantes da UP são casos bem sucedidos que não contribuem para estatísticas mais negativas. Numa altura em que se regista um ponto de viragem na história da Faculdade de Direito, falam de uma “identidade própria” que agora se adquire, e de um “futuro auspicioso” que prevêm para a instituição que os formou no Direito. São os Advogados, Magistrados e Juristas “de primeira”.