Apesar da Linha Azul, que assegura a ligação entre a Estação da Trindade e Matosinhos, ter servido 6,1 milhões de passageiros em 2003, o universo dos universitários aguarda com expectativa a construção e abertura das outras linhas da rede metro.

Os estudantes reconhecem que a Linha Azul é mais ou menos central e que tem melhorado muito o seu dia-a-dia mas têm os olhos voltados noutras direcções. A Linha Amarela, entre o Hospital de S. João e Santo Ovídio em Gaia, a Linha Vermelha, até à Póvoa, e a Linha Verde, até à Trofa, vão passar em importantes pólos universitários e são, por isso, muito aguardadas.

Muito mais rápido

A rapidez nas deslocações é a referência positiva que mais estudantes fazem ao metro. Alexandra Gonçalves estuda Jornalismo e Ciências da Comunicação (a funcionar na antiga Faculdade de Engenharia junto à Praça da República) e mora ao pé do aeroporto. “O percurso que faço é do aeroporto até ao Viso no transporte alternativo, e do Viso à Trindade no metro”. A Alexandra diz que de metro chega à faculdade muito mais depressa e pode acordar mais tarde sem se atrasar para as aulas. “De autocarro era uma hora e tal. Agora demoro 30 a 40 minutos, máximo”, explica Alexandra.

Mas se a rapidez é um argumento, o outro parece ser o preço. A Alexandra tem passe para o percurso Viso – Trindade e paga 9 euros por mês. “O passe compensa, por um lado, porque à partida é mais barato mas só podemos fazer o percurso que escolhemos quando adquirimos o passe”. O passe geral fica muito caro mas para quem faz o mesmo percurso todos os dias, a vantagem é óbvia.

A outra modalidade de pagamento, o andante, tem vantagens para quem quer mais mobilidade. “Com o andante pagava mais mas podia fazer qualquer percurso. E andar em qualquer linha ou mesmo mudar de transporte durante uma hora, sempre com a mesma viagem”, explicou Alexandra Gonçalves ao JornalismoPortoNet.

MetroBilheteir2.jpg

A Alexandra desloca-se muitas vezes à Faculdade de Letras e em relação ao Pólo do Campo Alegre, diz que “aí funciona bem. A estação é bastante central. Sai-se na Boavista e é um instante”.

No outro pólo da Universidade do Porto, aquele que concentra o maior número de estudantes, o Pólo da Asprela, espera-se impacientemente que o metro passe “ali à porta”. Sónia Ferreira mora na baixa do Porto e estuda na Escola Superior de Educação. A Sónia vai todos os dias de autocarro para a ESE e a sua maior queixa é o trânsito. Demora quase uma hora a chegar à faculdade. “Quando funcionar o metro para o S. João, tenho a certeza que vou demorar menos tempo e chegar a tempo às aulas”.
Fonte do Gabinete de Comunicação da Metro do Porto disse ao JornalimoPortoNet que a Linha Hospital S. João – Gaia (Linha Amarela) estará pronta em 2005.

Nem pau nem bola

“Nem pau nem bola” é o que ocorre dizer sobre a situação das pessoas que têm de fazer o percurso Maia – Porto e que nos últimos quatro anos se viram obrigados a experimentar vários transportes, condicionadas pelo andamento das obras do metro na Linha Verde.

Filipe Alves estuda Jornalismo e Ciências da Comunicação há 4 anos e mora na Maia. Numa primeira fase, apanhava o comboio para vir para a faculdade. Na segunda fase, passou a haver comboio só entre a Maia e a Sr.ª da Hora e o Filipe apanhava aí autocarro para o Porto. Isto enquanto faziam a linha do Metro entre o Porto e a Sr.ª da Hora. Depois “acabam com tudo e passa a haver só autocarro a substituir o comboio, directamente da Maia para o Porto”, diz Filipe sobre a terceira fase. Numa quarta fase, a que experimenta actualmente, há metro do Porto até à Sr.ª da Hora e daí é preciso apanhar um autocarro alternativo. Os autocarros alternativos são incluídos na rede do metro e por isso o seu preço está previsto no passe ou no andante.

Mas Filipe Alves está no último ano e já não deve viver outra fase daquela linha. “Na quinta e última fase, da qual, provavelmente, já não vou usufruir, haverá metro de casa até ao Porto”, lamenta o estudante.

No percurso Maia – Porto, as sussessivas fases de obra só vieram dificultar a vida aos utentes dos transportes públicos. “Antes apanhava o comboio às 8,10h para estar no Porto 8,25h. Agora se entrar na faculdade às 8,30h, não chega sair da Maia meia hora antes. Tenho que estar na paragem do autocarro, uma hora, às vezes hora e meia, antes!”, diz.

O que acontece é que o comboio era directo e agora, com os transportes alternativos, as pessoas demoram mais a chegar ao Porto. Filipe Alves não tem dúvidas: “Sinceramente acho que o metro só pode compensar daqui a muitos anos, quando a linha estiver toda pronta”.

Linhas da Póvoa do Varzim e da Trofa vão beneficiar a região

O Presidente da Câmara da Maia, Bragança Fernandes, adiantou ao JornalimoPortoNet que acredita que, com a linha da Trofa, os outros concelhos vão estar ligados de uma forma rápida. “Eu próprio vou descolar-me de metro a linha que liga o Porto à Trofa abrir”, acrescentou.

Simão Pinto estuda no ISMAI e faz o percurso inverso ao do Filipe Alves: “moro perto do Hospital de S. João. Se abrisse a linha da Trofa agora para mim era muito vantajoso. Tinha ligação directa de metro entre o S. João e o ISMAI”. Quando isso acontecer o Simão vai sair mesmo à porta da faculdade, uma vez que está prevista uma estação a 50 metros do instituto, mas para já vai de boleia com um amigo. A proximidade entre a estação e o pólo universitário não é fruto do acaso. Bragança Fernandes lembrou ao JornalismoPortoNet que “há muita gente que estuda cá e vem de outros concelhos. Há também muita gente que compra casa na Maia. E o metro é um transporte muito bom. Vai facilitar a vida a muita gente”. Bragança Fernandes explicou que as autarquias participaram na decisão da localização das estações: “fomos nós que sugerimos à Metro do Porto as estações. Somos nós que conhecemos o concelho e as necessidades das pessoas”.

MetroSair.jpg

Filipe Alves, o estudante da Maia, queixa-se que “quem vai para a Póvoa tem autocarros de cinco em cinco minutos, nós temos de esperar 40 minutos”. Mas a verdade é que a construção da Linha Vermelha também está a ser um transtorno para muitos poveiros.

Cerca de “25 % da população usava comboio para ir para o Porto: pessoas que trabalham no Porto, militares, estudantes. Estávamos habituados ao comboio. De autocarro é complicado. De repente, não temos o comboio e temos de esperar 7 anos pelo metro”, disse Sérgio Silva, estudante no ESEIG. A Escola Superior fica entre Vila do Conde e a Póvoa. O estudante está céptico em relação ao futuro. “Acredito que facilite mas tão cedo não temos a linha. Nós vivemos em Portugal”, disse.

O JornalismoPortoNet soube, pela Metro do Porto, que o troço da Linha do Póvoa até ao aeroporto e o troço da Linha da Trofa até à Maia, deverão estar prontas dentro de um ano.

 

Ana Isabel Pereira (texto e fotos)