As universidades do sector público vão passar a reservar 2,5% das quotas de acesso para os militares contratados. Até aqui reservavam 2%. Com este aumento de 25% neste contigente específico, o ministério da Defesa continua com as medidas de incentivo à recruta militar.
Quem se alistar no Exército pode ainda candidatar-se a qualquer instituição universitária pública durante o período de contrato. Fica para trás a anterior regra, que só permitia a candidatura no final do contrato. É concedida ainda uma bolsa de estudo anual e igual para todos de 605 euros.
O jovem contratado passa a receber subsídio de integração. Caso esteja desempregado, não se suspende o subsídio de desemprego. O salário mais baixo é agora de 468 euros.
Como muitos dos incentivos previstos anteriormente não foram postos em prática, foi criada uma comissão de acompanhamento das medidas.
Para continuar a campanha de recrutamento, vão ser lançadas campanhas publicitárias na comunicação social. O festival Rock in Rio, o Euro 2004, a Volta a Portugal em bicicleta e a final da Taça de Portugal vão ser igualmente visados. O serviço militar obrigatório termina no dia 19 de Novembro.

As opiniões dos estudantes

Marta Santos, aluna na Escola Superior de Tecnologia de Saúde do Porto (ESTSP), considera que a medida pode ser “um incentivo”, mas espera que não “afecte os outros estudantes”. “É injusto que pessoas com notas piores entrem nas mesmas instituições que as pessoas que fizeram um grande esforço”, acrescenta. Quando questionada em relação à validade da medida, diz que não sabe se se justifica ou não.
Aires Silva, estudante da ESTSP, não concorda “muito”. “Estão a beneficiar muito essas pessoas em detrimento das que entram com estatuto normal. Não acho muito correcto aumentar tanto o número de vagas e beneficiar cada vez mais as pessoas que entram em contigente especial.” Ainda assim, pensa que “pode ser uma boa medida para aliciar os jovens para o Exército”, embora coloque algumas reticências quanto ao sucesso prático dos incentivos.
Cláudia Henriques, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, entende que esta “é uma forma de atrair os jovens numa fase em que encaram cada vez menos as Forças Armadas como uma hipótese para o futuro”. O aumento de vagas acentua o que denomina de “dois em um”, já que “quem entra para o Exército sabe que tem o acesso ao Ensino Superior praticamente garantido e ainda tem mais benesses, como roupa lavada, comida e cama”. Isto pode ser perigoso, continua, porque “muitos vão ver nisto uma porta de entrada” para as universidades, quando se estão “completamente a marimbar para as Forças Armadas e vão ver nisso uma obrigação”.
Rui Moura, da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, acha que “ele [Paulo Portas] saberá melhor as necessidades do país.” “Não sei se quer fazer de Portugal um país de mercenários, mas também não sei quais são as deficiências do Exército. Dou-lhe o benefício da dúvida.”

Germano Oliveira