Mais fogos, cheias e períodos de seca são algumas das consequências possíveis do aumento de temperatura do planeta. Já existiam indícios que apontavam para uma subida dos níveis médios da temperatura, mas agora há uma previsão com base científica avançada pela directora de Investigação do Clima da Universidade de East Anglia, no Reino Unido. Jean Palutikof esteve em Portugal a participar num colóquio comemorativo do Dia Mundial da Metereologia, celebrado ontem.

“Aumento da temperatura no Mediterrâneo é inevitável”

O JornalismoPortoNet (JPN) ouviu um especialista em Climatologia do Instituto de Meteorologia para tentar saber mais sobre aquele que poderá ser o fenómeno do século. Carlos da Câmara disse ao JPN que “o aumento da temperatura no Mediterrâneo é inevitável”. O especialista refere que o fenómeno já está a acontecer em Portugal e que, além de uma subida da temperatura média, irá haver ainda uma “redução de precipitação e um aumento da humidade”.

A variação, que à primeira vista parece insignificante, pode, no entanto, ter consequências nefastas para o Homem. De acordo com a especialista britânica, o problema que se coloca é quando se atingem temperaturas extremas, como aconteceu no Verão passado um pouco por toda a Europa. “O problema é que os extremos serão mais frequentes”, disse Jean Palutikof à Lusa. De acordo com esta especialista, uma diferença de um grau pode ser muito significativa, sobretudo quando se trata de épocas de muito calor. É que, ao serem atingidas temperaturas muito elevadas como as que se registaram no Verão passado, os efeitos dos fogos florestais podem ser potenciados.

As consequências

Segundo Carlos da Câmara, as alterações climáticas previstas poderão ter “impactos sociais e económicos muito significativos”.

Entre as consequências destas alterações estão as mortes devido ao calor intenso. Só no ano passado morreram mais de 20 mil pessoas na Europa, e em Portugal registaram-se cerca de dois mil mortos. Cheias e períodos de seca podem ser panoramas a considerar, caso se verifiquem as alterações previstas. Mas, para Carlos da Câmara, “as ondas de calor e os fogos florestais é o que mais afecta as pessoas”. Este especialista em Climatologia explica ainda que, “nestes novos cenários, essas situações vão passar a ser menos raras”, pois “existe o dobro da probabilidade de haver um Verão como o de 2003″.

A especialista Jean Palutikof referiu ainda que as chuvas poderão diminuir em Portugal, o que fará aumentar os períodos de seca. Por outro lado, poderão ocorrer chuvas intensas em determinados períodos.
Entre as consequências contam-se ainda possíveis danos na economia. De acordo com Jean Palutikof, a redução do turismo poderá ser uma delas.

É importante modificar hábitos

De acordo com a especialista britânica, estas previsões só poderão ser contrariadas com uma alteração profunda dos hábitos de vida, de forma a reduzir as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera. Também Carlos da Câmara partilha esta opinião. Para este especialista, é fundamental “adoptar princípios de precaução e acções que tendam a minimizar os efeitos do aquecimento global”. No colóquio de ontem, Jean Palutikof aconselhou alterações nos hábitos de consumo e apelou à utilização de energias renováveis.

Ana Correia Costa