O Dia do Estudante ficou marcado pelos protestos dos estudantes frente à Assembleia da República, em Lisboa. Cerca de seis mil pessoas marcharam ontem, de forma pacífica, da Cidade Universitária até ao parlamento. Como o JornalismoPortoNet noticiou, não estava previsto que os representantes associativos fossem recebidos na Assembleia. No entanto, ao contrário do que se verificou na “manif” de 5 de Novembro, os líderes das principais associações académicas reuniram-se com os grupos parlamentares do PSD/PP.

“Acho que deixámos bem claras as nossas reivindicações, as nossas propostas para um Ensino Superior melhor”, garantiu o presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Nuno Reis, ao JPN. Ainda assim, não houve nenhuma resposta concreta dos governantes face às reivindicações estudantis: “Aquilo que nos disseram é que iriam ter em conta as nossas críticas e que podiam vir notícias positivas a caminho”. Nuno Reis mostrou-se uma vez mais confiante perante uma “receptividade que é diferente da intransigência que o anterior ministro apresentava”.

A Lei do Financiamento já foi aprovada no parlamento, mas, dentro do pacote legislativo elaborado pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior, há leis que estão ainda em discussão na especialidade. Por esta razão, o presidente da FAP tem “esperança” no que toca à redacção final do documento, quer da Lei de Bases quer da Lei de Autonomia.

Mobilização àquem das expectativas?

“Ficamos satisfeitos que as pessoas tenham aderido em massa a esta manifestação”, refere Nuno Reis, que se congratulou pelo facto de ter sido a academia do Porto (juntamente com a de Coimbra) a levar mais pessoas para Lisboa. “Se as outras academias trabalhassem da mesma forma (que a do Porto), sabia que seria possível atingir o número de 5 de Novembro”, diz Nuno Reis, para quem os 10 mil manifestantes que se juntaram nesse dia na capital corresponderam a um “número absolutamente brutal”. “A 5 de Novembro estivemos perante a maior manifestação de sempre de estudantes”, referiu, destacando a dificuldade em igualar aquele nível.

O número de alunos que adere a estas iniciativas é simbólico quando comparado com o universo de alunos do Ensino Superior, mas não é fácil encontrar razões para este facto. Para o presidente da FAP, trata-se de “um défice de participação cívica que atravessa toda a sociedade e não só a participação estudantil”. E exemplifica: “Antigamente, os partidos não precisavam de alugar autocarros para levar as pessoas aos seus comícios. Hoje têm que organizar festas, contratar artistas e promover jantaradas”.

Depois de mais uma jornada de luta, os estudantes têm agendada uma greve nacional para 1 de Abril.

Liliana Filipa Silva