Paulo Morais não desarma e mantém a sua intenção de acabar com os bairros sociais degradados e realojar apenas as famílias “verdadeiramente necessitadas”. “Quem não tem legítima actuação nos bairros sociais não será realojado”, afirmou em entrevista ao JornalismoPortoNet.

Toda esta polémica vem a propósito dos despejos que estão a acontecer em alguns bairros sociais da cidade do Porto, entre os quais o Bairro São João de Deus. O autarca revelou que cerca de 300 famílias deste bairro terão de viver em outras zonas da cidade, à medida que os blocos forem demolidos. E é precisamente neste bairro que surgem os maiores problemas, com muitas famílias a reclamar uma nova casa, que a autarquia rejeita fornecer.

Segundo o vereador da Habitação e Acção Social, “há pessoas que usam as casas sociais para vender droga e ganhar mais de 1.500 contos por dia e, com isso, a câmara não pode pactuar”. Paulo Morais considera que a CMP não pode tolerar situações em que “alguns indivíduos tiram proveito da miséria de um bairro inteiro” e mantêm “reféns muitas famílias que por lá vivem”.

Moradores das Cruzes recusam sair

Em relação ao Bairro das Cruzes, outro dos centros de maior polémica, Morais considera que se trata de uma situação diferente. “Um caso em que habitações provisórias se tornaram definitivas”, afirmou.

O Bairro das Cruzes está inserido num grupo de sete bairros e “ilhas” municipais não recuperáveis que estão prestes a ser demolidos. Alguns moradores têm demonstrado alguma resistência em sair. De acordo com o vice-presidente da CMP, quarenta famílias tiveram de ser “transferidas com alguma dificuldade”.

O vereador da Habitação e Acção Social promete dar luta a quem quer fazer negócios à custa da CMP e diz mesmo que já chegou a encontrar um gabinete de contabilidade numa casa camarária. “Não podemos ser permissivos com estas situações”, disse. Paulo Morais considera que a garantia de habitação representa um “progresso social das pessoas” e só dentro desse princípio é que a CMP aceita “ajudar as famílias mais necessitadas”.

Construção dá lugar à requalificação

Neste momento, “não há pessoas à espera de habitação social”. A principal aposta da CMP dirige-se agora para o “aumento de qualidade de vida dos cidadãos do Porto”, através da “requalificação e reabilitação dos bairros e espaços comuns”. Morais conclui que “o principal problema da habitação social no Porto é de qualidade e isso é preciso reencontrar”.

Actualmente, o Porto é a cidade portuguesa com maior número de habitantes em casas sociais. Algo que o vereador da Habitação qualifica de “negativo” e “difícil de inverter” nos próximos tempos.

Bruno Amorim