Os familiares das vítimas da queda da via de ligação de Entre-os-Rios a Castelo de Paiva vão recorrer da decisão judicial. O juiz Nuno Melo proferiu hoje um despacho de não pronúncia para os 29 arguidos. Desta forma, sob nenhum dos suspeitos no processo é proferida qualquer acusação.

O juiz alega que na origem da queda estiveram causas naturais, tais como as cheias que o mau tempo do final do Inverno de 2001 provocou. O magistrado refere ainda que a falta de vigilância não pode ser atribuída a nenhum dos indiciados neste caso.

Os areeiros, sobre os quais não recaía nenhuma prova, já não seriam arguidos no processo. Representando sete empresas de extracção de areias na zona da ponte, os 22 areeiros arguidos afirmam que a única responsabilidade é política, uma vez que a nova ponte terá demorado a ser construída.

Comentando a decisão judicial, as famílias referem que “isto é um escândalo, uma vergonha, uma fraude”. O juiz Nuno Melo justifica: “a minha missão é julgar em consciência, mas não posso pedir que todos concordem com a decisão”.

As opiniões da população de Entre-os-Rios e Castelo de Paiva dividem-se. Uns acreditam que o processo acaba aqui, outros pensam que ainda vão ser atribuídas culpas. No entanto, todos referem que “esta é mais uma prova do mau funcionamento da justiça portuguesa”.

Sobre o caso, Durão Barroso não comenta decisões judiciais e diz-se “solidário com as famílias”.

A ponte Hintze Ribeiro caiu a 4 de Março de 2001, provocou a morte de 59 pessoas, que seguiam num autocarro e em três automóveis, que passavam naquela altura na via de ligação a Castelo de Paiva. Trinta e seis corpos continuam desaparecidos.

Os familiares não querem assim que a culpa não morra solteira.