A Academia Contemporânea do Espectáculo (ACE) Teatro do Bolhão tem em cena uma peça de teatro para crianças. “A Fada Oriana” parte de um conto da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen. A encenação é de Joana Providencia. Fazem parte do elenco Anabela Sousa, Sandra Salomé, Clara Ribeiro e Filipa Alexandre. O produtor Pedro Aparício disse ao JornalismoPortoNet (JPN) que este tipo de trabalho para crianças “normalmente não existe ou existe muito pouco”. A companhia ACE – Teatro do Bolhão, apresentada publicamente em 2003, tem apostado na diversificação do tipo de teatro que produz, a pensar em públicos também diferentes.
“A Fada Oriana”, texto emblemático da literatura infanto-juvenil portuguesa, fala da construção do ser e da aquisição de valores fundamentais pelo individuo. Joana Providência recriou o mundo mágico da pequena fada, com o recurso a artifícios teatrais e técnicos como as marionetas, as sombras e o video.

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A peça baseada no conto para crianças, que estreou no auditório da ACE cujas instalações ficam na Praça Coronel Pacheco, está em cena no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, mas volta ao Porto dia 20 de Abril. A peça que estreou no auditório da companhia, já esteve em Bragança e ainda vai passar por Famalicão e Aveiro.

Em cena em diferentes sítios e para diferentes públicos

A ACE Teatro do Bolhão, baptizada a pensar nas futuras instalações no Palácio do Bolhão, tem a preocupação de fazer com que as suas produções sejam itinerantes. “Cada espectáculo que estreamos faz, no mínimo, mais dois ou três sítios. A preocupação é estrear aqui um espectáculo e depois não deixa-lo morrer aqui”, explicou ao JPN Pedro Aparício. As parcerias pontuais tornam possível a digressão dos espectáculos. “Acontecem quando há interesses estéticos ou financeiros”, diz Pedro Aparício, uma vez que “em Portugal, a cultura não é propriamente um maná”.
A co-produção, em 2003, de “A Resistível Ascensão de Arturo Ui” (de Bertolt Brecht) e Pioravante Marche (de Samuel Beckett) com o Teatro Carlos Alberto/ Teatro Nacional São João aconteceu porque os textos nunca tinham sido encenados em Portugal.

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A programação da ACE Teatro do Bolhão é diversificada. “Tentamos não procurar um tipo exclusivo de público. Fizemos Brecht e Beckett mas também já fizemos um espectáculo que tinha uma ópera pop, a Ópera do Falhado”, diz Pedro Aparício.
Este ano, depois de “A Fada Oriana”, a ACE Teatro do Bolhão vai estrear “Quem tem medo de Vírginia Wolf”, de E. Albee, e “D. Juan”, de Molière. Pedro Aparício disse ao JPN que “ainda há uma co-produção com a Fundação de Serralves para fazer um trabalho dirigido pela Joana Providência, em torno de uma exposição da Paula Rego”. A proposta veio de um programadora de Serralves que contactou a companhia de teatro para que esta fizesse um espectáculo à volta da exposição.
O espectáculo “Quem tem medo de Vírginia Wolf” e “Ópera do Falhado” vão estar em cena em Lisboa, no final do ano.

Alunos da ACE participam pontualmente nas produções da companhia

A escola e a companhia profissional de teatro partilham o mesmo espaço físico e os mesmos promotores mas são realidades distintas. “Só pontualmente os alunos participam nas produções da companhia. Tenta-se que não haja promiscuidade entre as duas coisas. São alunos, não são profissionais”, disse o director da escola Pedro Aparício.
Os alunos podem participar quando há cenas de multidão ou quando são necessários figurinos. Em “A Resistível Ascensão de Arturo Ui” , “a condição para eles serem inseridos existiu e houve uma turma inteira que foi inserida no espectáculo porque fazia cenas de multidão e de grupo”, diz Pedro Aparício. “O que não é possível, nem se pode fazer, é chegar a uma turma e dizer ´tu, tu e tu` vão entrar no espectáculo”, explica.

Sábado, Dia Mundial do Teatro, a ACE Teatro do Bolhão vai estar em Lisboa com “A Fada Oriana”. De resto e como “´Dia Mundial do Teatro` é todos os dias, lembra o produtor, apenas acontecerão iniciativas no âmbito da escola, por iniciativa dos próprios alunos. A leitura de uma mensagem é o mais formal que a escola costuma fazer neste dia.

Ana Isabel Pereira (texto e fotos)