“Suor: Insistimos em esperar na sombra, quando podemos aproveitar o calor do sol, mesmo que ele nos queime, arrebate e nos tire forças”. Começa assim o livro de Rute Almeida, aluna de Direito da Universidade do Porto. É uma espécie de diário, escrito em prosa poética, misto de ficção e factos verídicos. Foi editado pela Corpos Editora e está há uma semana nas livrarias.

A autora diz que quem ler o livro “vai certamente identificar-se com passagens e com frases, porque todos as dissemos já em determinada altura da nossa vida” e que escolheu o título “Assassinos” porque na sua visão a sociedade contemporânea esqueceu-se dos sentimentos e de certa forma “as pessoas assassinam a alma”.

A mensagem é simples: “não devemos esquecer de ser quem somos, seja em que situação for; acima de tudo não devemos ter medo de viver”.

Sobre a paixão pela escrita: ““Comecei a escrever muito pequena e sempre quis ser escritora. A minha opção por Direito resulta dessa intenção, pois é um curso com uma cultura geral mais abrangente e que poderá eventualmente fazer-me evoluir na escrita. Escrevo todos os dias, mas para além da inspiração, é preciso criar o espírito envolvente. Escrevo no meu quarto, com a minha música; se não for assim, não resulta”.

Quanto ao estado de espírito para escrever, diz a autora que ” como em qualquer processo produtivo, a escrita exige uma certa melancolia. Quando estou muito feliz é complicado transmitir sentimentos, mesmo que sejam bons, por isso é que normalmente escrevo à noite, há sempre aquele espírito mais místico e introspectivo”.

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A construção da obra foi feita a partir da recolha de textos que tinha escrito: “escolhi os que tinham um encadeamento lógico e enviei-os à Corpos Editora. Duas semanas mais tarde ligaram-me a dizer que iam publicar.
Tive muita sorte…”

Sobre expectativas e crítica à obra Rute Almeida “gostava que as pessoas se identificassem com o livro. Quanto ao reconhecimento não penso muito nisso. O melhor reconhecimento que posso ter são as pequenas coisas, como as opiniões dos amigos e dos desconhecidos. É evidente que fico feliz com a as críticas positivas, mas até estava à espera de críticas menos boas. Seria por um lado uma forma de evoluir. Gostaria muito de fazer disto o meu modo de vida e queria tornar-me numa escritora melhor.”

Sobre os jovens autores e a publicação da primeira obra refere que “é muito complicado para um jovem autor publicar um livro em Portugal. Se o escritor já for conhecido, por pior que seja a sua literatura, as editoras aceitam publicar o livro porque sabem que vai vender bem. No entanto, acho muito importante que se promova a nossa literatura, temos autores muito bons, livros muito interessantes. O problema é que os livros são muito caros e o governo devia baixar a percentagem que angaria com a venda das obras. Seria sem dúvida um grande incentivo. Apesar de tudo, há cada vez mais jovens a estudar, que lêem cada vez mais e pode ser que os hábitos de leitura mudem”.

Carla Sousa