O 14º festival Intercéltico arranca hoje. A novidade este ano é a existência de quatro palcos diferentes.
O centro do evento continua a ser o Porto. Começa hoje no Teatro Rivoli um conjunto de três concertos duplos. Mas este ano, o festival vai presentear outras cidades que se mostraram interessadas no evento e foram parceiras da Mundo da Canção, entidade organizadora.

Os grupos em cartaz vão apresentar-se também em Lisboa, no Centro Cultural de Belém (CCB, três concertos), no Cine-Teatro Curvo Semedo de Montemor-o-Novo (dois concertos) e no Auditório Casa das Artes de Arcos de Valdevez (dois concertos).

Avelino Tavares, “pai do festival”, explicou ao JornalismoPortoNet (JPN) que esta foi uma edição mais complicada de organizar, “em termos de logística, sobretudo, mas, felizmente, está tudo montado há mais de 1 mês”.
O organizador lembrou que são poucas as entidades privadas que fazem uma “descentralização deste género em três dias e com 13 concertos”.

No ano passado, o festival teve só um concerto em Lisboa “para testar”. Como funcionou, este ano o CCB recebe três concertos, com os cabeças de cartaz estrangeiros.

Música tradicional portuguesa, irlandesa, espanhola e húngara durante três dias

No Porto, o festival abre hoje com os portugueses At-Tambur. O grupo de Lisboa é a mais recente revelação do folk nacional.
Avelino Tavares, da Mundo da Canção, disse ao JPN que os At-Tambur “estão preocupadíssimos por abrir o festival. Estão ansiosos”.

O organizador do festival fez questão de elogiar a presença portuguesa no evento: “são projectos muito diferenciados. São jovens interessados e profissionais”. Todos os concertos do Porto são, de resto, abertos por grupos portugueses. Os húngaros Muzsikás e a convidada especial, a vocalista e flautista Marta Sebastyén, encerram a primeira noite de concertos no Rivoli.

Também hoje, mas em Lisboa, sobem ao palco do CCB os irlandeses Kíla. O grupo de Dublin junta diferentes referências sem perder a identidade profundamente irlandesa.

Amanhã, no Porto, os Realejo asseguram a primeira parte de mais um concerto duplo. Depois do grupo de Coimbra, a segunda parte fica entregue aos espanhóis Atlântica, que já são uma referência do folk espanhol.

Em Lisboa, no segundo dia de concertos, actuam os Muzsikás, com Marta Sebastyén. Os Kíla viajam até Montemor-o-Novo e os At-Tambur visitam o auditório de Arcos de Valdevez.

Sábado, dia de encerramento do Intercéltico, o programa no Porto abre com os Frei Fado d’El Rei, que actuam “em casa”, e fecha com os irlandeses Kíla.

No CCB, a última noite do festival fica a cargo de Kepa Junkera, o nome grande da música tradicional basca. O “mestre do trikitisha” já é bem conhecido do público do Porto. Toca um “acordeão pequenino que tem um som muito diferente do som do acordeão normal”, explica a organização do Intercéltico.

Montemor-o-Novo despede-se do festival com os Muzsikás e Marta Sebastyén enquanto Arcos de Valdevez apresenta, na última noite, Atlântica.

“Temos segurança que as pessoas vão aderir”

Avelino Tavares acredita que à semelhança do que aconteceu nos últimos anos, esta edição vai ser um êxito. De facto, ontem, na cidade anfitriã do Intercéltico, o Porto, os bilhetes para os três dias estavam já praticamente esgotados.
“Os jovens estão cada vez mais a aderir a esta música, que os toca e é diferente do que ouvem no dia-a-dia”, explica. Esta consciência de novos sons não será exclusiva de Portugal, mas algo que tem vindo a acontecer em toda a Europa.

Quanto à atenção que o festival tem recebido da comunicação social e de diferentes cidades, a organização do evento acredita que isso acontece quando as pessoas estão atentas, uma vez que não é a Mundo da Canção “que procura as câmaras” de televisão.

“A mensagem está a passar para as ilhas”. Praia da Vitória interessada em receber festival

Avelino Tavares disse ao JPN, em primeira-mão, que a entidade promotora do festival foi contactada por duas cidades interessadas em receber a 15ª edição do Intercéltico. Hoje “vai estar no Porto um representante da Cultura da Câmara Municipal da Praia da Vitória, da Ilha Terceira, para falar connosco porque está interessadíssimo em ter lá o Intercéltico para o ano que vem”, disse o organizador.

Além da cidade açoriana, já na semana passada a Mundo da Canção terá sido contactada pela Câmara de Bragança, sobre a eventual presença da próxima edição do evento na cidade transmontana. “O melhor reconhecimento é este”, disse ao JPN Avelino Tavares.

O “pai” do festival brincou com a idade do evento: “O festival tem 14 anos. Já gatinhou, já anda, já anda de bicicleta, está quase a sair à noite. Aos 15 anos, vamos-lhe dar as chaves e ele vai conhecer mais um pouco deste país”.

O Intercéltico em quatro cidades envolveu cerca de 175 mil euros, quantia que Avelino Tavares diz ser “irrisória para a dimensão que este festival tem”. Os apoios são muito reduzidos e a organização do festival, que já é “uma família”, tenta gerir da melhor forma as receitas de bilheteiras e os poucos patrocínios que tem. Mas Avelino Tavares explica que “não é sacrifício estar a fazer uma coisa com carinho, dedicação e paixão” e que o festival “não se move por interesses financeiros”. “Queríamos era apresentar este festival sem perder dinheiro”, diz.

Ana Isabel Pereira