Os países membros da OPEP estavam divididos quanto à redução da produção.
Mas, segundo a agência Reuters, a organização já decidiu avançar com o corte, a partir de hoje.

Os Emirados Árabes Unidos e o Kuwait admitiam a possibilidade de adiar o corte de produção para Abril, mas a Arábia Saudita, Argélia, Líbia e Venezuela tinham-se manifestado contra.

Os cortes acordados representam uma redução em 4 por cento da cota oficial de produção, uma diminuição de 1 milhão de barris por dia.

O JornalismoPortoNet falou com a economista Clementina Santos, que alertou para as consequências directas que esta redução pode causar a Portugal: “Todas as economias que são baseadas na produção de petróleo e derivados deste vão ser afectadas. Ao tentar diminuir a cota do mercado, os preços sobem e as receitas dos países produtores de petróleo aumentam”. Além disso, Clementina Santos mostrou-se preocupada com o facto deste corte contribuir também para um retardamento da retoma económica.

Em função da actual situação no Iraque e do atraso da retoma económica internacional, a economista acredita que haverá um novo aumento de produção, que atenue o impacto do corte agora decidido.

A decisão da OPEP é vista pela professora universitária como uma estratégia: “Uma decisão de preço é sempre uma decisão estratégica. A subida de preço tem como efeito uma diminuição da procura”, referiu.

O petróleo na economia nacional

Em Janeiro de 2004 os combustíveis minerais significavam cerca de 32.4% no total das importações do país. Segundo os dados apresentados pelo INE, no relatório “Estatísticas do comércio extracomunitário”, este é mesmo o grupo de produtos mais importado.

O documento revela ainda que a OPEP é o principal parceiro comercial de Portugal e as transacções registadas em Janeiro deste ano rondam os 14.2%.

O relatório do INE permite verificar que entre Janeiro de 2003 e Janeiro de 2004 houve uma variação positiva das transacções com a OPEP, na ordem dos 69.8%.

Subida dos combustíveis gera polémica

O ministro da Economia, Carlos Tavares, rejeita as contas da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (Anarec) sobre o aumento dos combustíveis, mas o presidente da Autoridade da Concorrência já anunciou as contas finais.

A Anarec avançou quarta-feira que, desde que o mercado foi liberalizado, a gasolina já subiu seis vezes. Carlos Tavares desvaloriza o anúncio, dizendo que estas contas não fazem sentido. O ministro da Economia adianta ainda que até ao momento não houve nenhum abuso e frisa que não é possível isolar Portugal do mercado internacional.

O presidente da Autoridade da Concorrência, Abel Mateus, em declarações à TSF, referiu que “nos preços de venda ao público, incluindo o imposto, o gasóleo rodoviário terá aumentado até 26 de Março 6,4 por cento e a gasolina sem chumbo95 4,3 por cento”.

Andreia Abreu

Andreia Parente

Foto: site da OPEP