“A minha vida é um conto maravilhoso”, disse Hans Christian Andersen, em «O conto da minha vida». Falando assim, o escritor pode não ser identificado à primeira pelo leitor menos atento. Mas se falarmos no «Patinho Feio», «A Pequena Sereia» ou «O Soldadinho de Chumbo», certamente que a memória relembrará.

Porque hoje é Dia Internacional do Livro Infantil, o nome Christian Andersen não pode ser ignorado, já que se festeja também o aniversário do seu nascimento.

Foi a 2 de Abril de 1805, há 199 anos, na Dinamarca. Filho de uma família pobre, foge de casa em 1819 e instala-se em Copenhaga, onde estuda canto e dança graças à ajuda de influentes protectores.

O reconhecimento como escritor só chega em 1835-37, quando publica os primeiros contos. E é precisamente com a obra «Contos», traduzida em vários idiomas, que Andersen se tornou conhecido em todo o mundo. Em algumas das suas obras, o escritor revela alguns elementos autobiográficos, como o sejam «A Pequena Sereia» e o «Soldadinho de Chumbo».

O Norte festeja

Muitas são as iniciativas para fazer lembrar que o livro infantil existe e está para durar. Afinal, não há computador nem televisão que substitua “o cheiro, o som” do livro, como afirma a escritora Ana Luísa Amaral. Usar e abusar do livro é o que a maior parte das bibliotecas do norte procuram incentivar, actualmente.

Na biblioteca da Casa das Glicínias, no Porto, as crianças em idade escolar vão ter a oportunidade de entrar “num concurso de elaboração de histórias através de um jogo de cartas que fornece elementos base para construir um conto tradicional e assistir a sessões de leitura”, disse ao JornalismoPortoNet, Susana Pereira, responsável pelo evento.

Em Santa Maria da Feira, a Biblioteca Municipal preparou para este dia, três actividades lúdicas. Na Feira, as crianças poderão visitar, pela última vez, a exposição «Das histórias nascem histórias», de Fernanda Fragateiro, sobre a obra de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Na «Hora do Conto» da biblioteca de Santa Maria da Feira, entra em cena «A presença da chuva», de Luísa Ducla Soares, “um espectáculo apoiado no corpo e na voz”, esclarece Maria João Pinto, a animadora sócio-cultural. As actividades não se ficam por aqui. «Poço» é o nome do espectáculo de dança que tem como novidade a interactividade com os mais pequenos.

As crianças da Figueira da Foz que se deslocarem esta sexta-feira à Biblioteca Municipal vão poder assistir a várias sessões de contos “com base nos livros da colecção «Lua do Mar»”, afirma Filipe Lopes, animador social.

Literatura infantil vende bem

O Dia Mundial do Livro Infantil não vai passar despercebido nas livrarias do Porto. Da Almedina à FNAC, passando pela Bertrand e pela Leitura, todas vão ter uma montra alusiva ao tema. O objectivo é “divulgar o livro infantil e incentivar os miúdos, que são o futuro, a ler”, disse ao JPN Rosete Pinto, da FNAC. “E desenvolver estratégias de vendas”, acrescentou Andreia, responsável pelo departamento comercial da Almedina do Arrábida Shopping.

O JPN procurou saber como estão as vendas de literatura infantil e a resposta é consensual: “as vendas estão a correr bem”, afirma Jorge Ribeiro, gerente da Bertand do NorteShopping.

À excepção do fenómeno «Harry Potter» e todos os livros relacionados com o filme «À procura do Nemo», dentro deste género, os autores portugueses assumem o primeiro lugar nas preferências dos mais pequenos. Sophia de Mello Breyner surge como principal referência, seguindo-se António Torrado, António Mota e Álvaro de Magalhães, que são alguns dos autores mais desejados.

Neste dia de festa para aos livros infantis, o JornalismoPortoNet ouviu ainda dois escritores portugueses, Ana Luísa Amaral e António Mota.

Vânia Cardoso