A construção dos molhes do Douro pode finalmente começar. A obra foi ontem assinada e apresentada formalmente, pelo consórcio Somague/Irmãos Cavaco S.A. e pelo Secretário de Estado das Obras Públicas, Jorge Costa, no Castelo de São João, na Foz do Porto.

O projecto tem dois objectivos primordiais: estabilizar as margens do estuário e melhorar as condições de navegabilidade. Eduardo Martins, presidente do Conselho de Administração do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM), sublinhou os cuidados que têm sido tomados com os “valores ambientais” e com a salvaguarda da paisagem, questões que tinham sido motivo de polémica.

Orçadas em 25 milhões de euros e com duração prevista de 28 meses, as obras vão agora arrancar. O projecto é menos ousado do que o primeiro, apresentado em 1997. Um novo molhe, a norte, vai ser articulado com o molhe de Felgueiras. A estrutura permitirá, para além do melhoramento da navegabilidade no Douro, uma utilização lúdica ligada à vida urbana.

O Secretário de Estado das Obras Públicas salientou a “integração paisagística” e a “ligação do projecto à cidade”, classificando-o como “vital para o desenvolvimento regional”. Ainda em aberto está a possibilidade da instalação de uma Unidade Experimental de Produção de Energia Eléctrica a partir da ondulação, uma “obra que do ponto de vista tecnológico pode colocar Portugal, e sobretudo o Porto”, no panorama internacional, disse Jorge Costa.

Contestação desvalorizada

Desde 1997, ano em que o primeiro projecto para a intervenção foi tornado público, que vários grupos ambientalistas alertaram para o impacto ambiental da intervenção na barra do Douro. Jorge Costa e Luís Filipe Menezes, no final da apresentação, desvalorizaram as críticas, contrapondo com os estudos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e com o estudo de impacto ambiental. O autarca do Porto, Rui Rio, esteve ausente da cerimónia.

“A partir do momento em que o LNEC e técnicos avalizados dizem que os riscos, que uma grande obra deste género tem, estão reduzidos ao mínimo, temos que valorizar os aspectos positivos”, afirmou o autarca de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes.

O secretário de Estado das Obras Públicas salientou os trabalhos do grupo multidisciplinar composto por técnicos que acompanham o projecto e as “simulações e estudos que se fizeram, que levam a concluir que não se vai verificar aquilo que certas vozes dizem por aí”.

Pedro Rios