Luís Lobo, elemento do secretariado nacional da FENPROF, critica o Governo pela falta de medidas de combate ao analfabetismo: “o Governo tudo tem feito para aumentar o número de analfabetos, deixando que a taxa apenas desça à medida que eles vão morrendo”. Em declarações ao JornalismoPortoNet, fala assim em “política macabra”.

Um documento de análise do Ministério da Educação sobre dados fornecidos pelo recenseamento de 2001, considera “insignificante” a taxa de analfabetismo juvenil. O valor situava-se em 9%, em 2001, dois pontos percentuais abaixo do valor de 1991: “o decréscimo teria sido mais significativo se, em paralelo, a população não tivesse envelhecido”.

A análise do Ministério da Educação conclui que, “porque o envelhecimento reforça as parcelas menos instruídas da população (os mais velhos, e dentro deste grupo, as mulheres), os progressos na educação, por mais importantes que tenham sido na última década, não se reflectem com a mesma intensidade nos indicadores globais de educação, como é o caso da taxa de analfabetismo”.

Panfletos vão “envergonhar o Governo”

Luís Lobo refere diferentes níveis de analfabetismo: “há aqueles que estão numa lógica de quem não sabe ler nem escrever, mas há ainda o analfabetismo funcional de quem sabe escrever mas não sabe decifrar, ficando aquém da utilização das ferramentas que adquiriu”.

O membro da FENPROF acrescenta um outro problema da educação: a redução do número de docentes do ensino especial para um terço do actual número “já reduzido e insuficiente”. No seu ponto de vista, esta medida vai ter implicações directas: “milhares de crianças com problemas de aprendizagem não vão ter oapoio necessário do professor e, integradas em turmas do ensino regular, acabam por sair todos prejudicados”.

Contra as opções governamentais, Luís Lobo, que é também elemento do Sindicato dos Professores da Região Centro, revela que esta força reivindicativa vai distribuir panfletos em Português, Inglês e Francês durante o Euro 2004.

O panfleto, que refere a existência de um milhão de portugueses analfabetos e 40 mil docentes desempregados, tem um propósito directo: “queremos, nos dias do campeonato europeu, envergonhar o Governo aos olhos dos cidadãos europeus que visitam Portugal”.

Manuel Jorge Bento