A imagem que os jovens possuem daquela data foi já adquirida em democracia, com o filtro do tempo, através dos relatos de pais, tios e avós, ou simplesmente nos bancos das escolas.

Concretamente, como será então que os jovens percepcionam a Revolução?
Em pleno advento das novas tecnologias, da explosão da internet e da banalização da televisão, o que saberá esta nova geração de uma data que parece cada vez mais longínqua no tempo? Será que os jovens de hoje dão algum valor ao 25 de Abril?

O JornalismoPortoNet partiu em busca de respostas a estas e outras questões e, para isso, falou com alguns alunos da Escola Secundária de Rio Tinto.

O que foi o 25 de Abril?

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Para Isabel Aguiar, aluna do 12º ano de Artes, não foi preciso pensar muito para dar uma resposta. “O 25 de Abril foi um acontecimento muito importante para o nosso país. Graças a ele temos liberdade de expressão, de opinião, direito à vida e de fazermos dela aquilo que queremos, refere.
Segundo esta estudante, “Portugal estava muito fechado e a revolução veio abrir o país ao Mundo”.

Tiago Santos, a frequentar o mesmo ano e o mesmo agrupamento, tem uma versão mais “insólita” da História. Para ele, “o 25 de Abril foi um acto simbólico. Veio dar ‘independência’ a Portugal. Foi uma revolução importantíssima, pois o país estava a ser governado por ditadores. Portugal teve essa liberdade e expandiu muito com o 25 de Abril”.

O que é a Liberdade?

Polémicas aparte, certo é que a nova geração já nasceu em liberdade. Como nunca souberam o que é viver sem ela, como será que os jovens a definem?

Para Carlos Diogo, aluno do 11º ano do agrupamento científico, “liberdade é uma pessoa fazer o que quer, mas sem interferir na liberdade dos outros”.
Sónia Leonardo, aluna do 10º ano de Humanidades, acha que “liberdade é uma pessoa falar, participar no que se passa à sua volta, sem que ninguém se oponha, mas com responsabilidade e ‘juízo'”. No entanto, Sónia calcula que nem todos os colegas da sua idade partilharão da sua opinião. Para ela, “há muita gente que pensa que liberdade é ir para a borga. Acham que a vida é fácil, que não precisam de estudar, que tudo o que precisam está aqui e agora, e não se preocupam com o que acontecer depois”.

Qual é o valor da Revolução?

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Neste ponto as opiniões dividem-se. Se há alunos que, como Isabel Aguiar, dão uma enorme importância à Revolução, outros não lhe dão tanto valor.
Filipe Fernando, aluno do 12º ano do agrupamento científico, é um desses exemplos. Sabe que o 25 de Abril foi importante para o país, mas não o valoriza porque não passou por lá.

Comentário do professor

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Em entrevista ao JornalismoPortoNet, o professor Marcelo Rebelo de Sousa encara com naturalidade as opiniões de jovens como a de Filipe Fernando:

“Aquilo que se recebe dado nunca se valoriza! Nós damos valor àquilo que se conquista. Aquilo que é uma evidência, que é um dado da nossa vida, é como o ar que se respira! Ninguém diz: ‘Podia não haver ar! E eu podia sufocar ou morrer. Não há ar! O que eu quero é melhor ar, porque este não me chega!’
Portanto, é natural! As gerações têm expectativas cada vez mais elevadas e não têm noção exacta de como foi difícil de se chegar onde se chegou e como foi há pouco tempo. Porque, como é há mais tempo do que a vida deles, há uma evidência! É como se tivesse sido sempre assim, mas não foi! Dez anos antes de terem nascido, não era assim! Portanto, para explicar isso, não aproveita a ninguém”.

Valorize-se em maior ou menor grau, o certo é que o futuro da democracia irá depender das novas gerações. Resta saber se estes “filhos da Revolução” saberão gerir a herança do 25 de Abril.

Hugo Correia