Os Twa eram os habitantes originários do Ruanda, mas foram seguidos pelos Hutu que rapidamente os superaram em número. Durante os séculos XIV e XV, os Tutsi migraram para o país e ganharam domínio sobre os povos residentes. No final do século XVIII, o Ruanda era já um reino centralizado presidido por reis Tutsi, em que os Hutus eram a parte dominada apesar de serem a maioria da população.

Em 1899 o país tornou-se uma colónia alemã, mas com a derrota dos germânicos na 1ª Guerra Mundial passou a ser controlado pela Bélgica (1919). Em 1959, o rei Mutara III morreu e foi substituído por Kigeri V. No entanto, os Hutu alegaram que o rei não tinha sido escolhido de forma lícita e começaram os confrontos entre os dois povos: Tutsi e Hutu. Em 1961, a Bélgica declarou o fim da monarquia e Gregoire Kayibanda foi designado Presidente da nova república. No ano seguinte, o Ruanda tornou-se oficialmente independente.

Depois da Independência

Os anos 60 foram marcados por várias acções de violência entre Hutu e Tutsi, as quais acabaram por originar um forte êxodo para os países vizinhos: Burundi, Tanzânia, Uganda, Quénia e Congo. Os confrontos intensificaram-se em 1964 com a morte de vários Tutsi em resposta a uma invasão vinda do Burundi, que era controlado pela aristocracia Tutsi.

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Em 1973, houve um reacender da violência. Nesse mesmo ano o Presidente ruandês foi deposto num golpe de Estado e subiu ao poder Juvenal Habyarimana, um Hutu moderado. Sete anos depois o país foi invadido pelas forças da Frente Patriótica Ruandesa, RPF, constituídas maioritariamente por refugiados Tutsi. A ofensiva foi controlada, mas Habyarimana concordou em apresentar uma constituição multipartidária, que foi promulgada em 1991.

Em 1993 o presidente assinou um acordo de partilha de poder e despontou uma onda de violência Hutu. A RPF respondeu com uma ofensiva mais forte. Mais tarde foi assinado um novo acordo e estabelecida uma missão de paz, mas em 1994, os presidentes do Ruanda e Burundi morreram num inexplicável acidente de avião e os confrontos civis recomeçaram. Os soldados ruandeses e membros de grupos Hutus assassinaram cerca de 800 mil pessoas, na sua maioria Tutsis e Hutus moderados. A RPF acabou por assumir o poder e mais de dois milhões de ruandeses (quase todos Hutus) saíram do país.

Ruanda após o genocídio

Depois de chegar ao poder, a RPF nomeou como presidente Pasteur Bizimungu, de etnia Hutu. Este gesto, que parecia ser de reconciliação acabou por desencadear várias acções de violência contra os Hutus por parte de membros do exército.

Em 1995, foi estabelecido na Tanzânia um tribunal das Nações Unidas que começou a julgar os suspeitos do genocídio e muitas dessas pessoas foram também julgadas nos tribunais ruandeses.

No ano 2000, o presidente Bizimungu renunciou ao cargo e foi substituído pelo ministro da defesa, Paul Kagame, que se tornou, assim, o primeiro presidente Tutsi de Ruanda. Em Maio de 2003, foi aprovada uma nova Constituição e nas eleições desse mesmo ano o Presidente Paul Kagame venceu com cerca de 95% dos votos.

Andreia Parente
Foto: Governo do Ruanda