De acordo com o Jornal de Notícias, as autoridades da PJ e das Finanças estão “de olho” no Benfica e a investigar acordos com jogadores, ainda do tempo de Vale e Azevedo, mas também outros da actual direcção. João Carvalho, antigo presidente do Conselho Fiscal do Benfica, confirmou à RR, ter conhecimento da existência de contratos paralelos, mas apenas na gestão de Vale e Azevedo. Os contratos que suscitam mais dúvidas serão aqueles que envolvem os jogadores britânicos que passaram pelo clube encarnado no tempo de Graeme Souness. Em causa estão alegados contratos paralelos e valores liquidados pelo clube sem o respectivo comprovativo documental. As autoridades têm fortes suspeitas de que os valores recebidos pelos jogadores do Benfica eram bastante superiores aos declarados nas finanças e segurança social. “São as famosas luvas” adiantou fonte da PJ ao JN. Mas o futebol não é a única modalidade visada. Também as modalidades amadoras estão a merecer atenção das unidades de investigação.

Ver o Benfica como um dos clubes sob suspeita até parece contraditório quando lidas as declarações da mesma fonte: “os grandes jogadores, como estão mais expostos, não fogem aos impostos. São os menos conhecidos que têm contratos paralelos ou que declaram menos do que o que ganham.”

Outros também sob suspeita

O cerco aos clubes de futebol a propósito das irregularidades fiscais está a apertar. Vários jogadores e treinadores foram já, de acordo com o JN, obrigados a devolver ao fisco valores não declarados. Augusto Inácio terá devolvido 100 mil euros ás finanças. Os jogadores Romeu, Bessa e Fangueiro encontrar-se-ão na mesma situação. A Polícia Judiciária e investigadores das Finanças estão a proceder a vários inquéritos e visitas surpresa junto de vários clubes da Superliga com o intuito de verificar contas.
O ano de 2003 marcou a existência de alguns casos de suspeita e confirmação de irregularidade de contas. O primeiro a vir a público foi o do Vitória de Guimarães tendo, na altura, o presidente do clube estado em prisão preventiva. Pimenta Machado acabou por confirmar a existência de um “saco azul” no clube acrescentando que todos o faziam. Foi o suficiente para que outros casos viessem a público. Um dos quais por denúncia de um ex-jogador do Santa Clara, Sandro, ao jornal Record, que confirmou receber um valor mais alto do que aquele que o seu contrato previa.
Estrela da Amadora e Marítimo são outros dos clubes que, alegadamente, têm cometido irregularidades.

Os processos ainda estão sob investigação, mas parece certo que o do Vitória de Guimarães será o primeiro a ter acusação formalizada. Os do Santa Clara e Estrela da Amadora também estarão prontos antes do final do ano. O do Marítimo está mais atrasado, pois só há três meses foi destacada uma comissão de inspectores do continente, aparentemente para tornar a investigação mais transparente.

André Morais