O presidente da Liga de Clubes abandonou o Tribunal de Gondomar por volta das seis horas da tarde e regressou ao edifício da PJ do Porto. Os interrogatórios vão reiniciar-se esta quinta-feira, a partir das nove e meia da manhã.

De acordo com o «Portugal Diário», o procurador do Ministério Público de Gondomar, Carlos Teixeira, terá pedido à juíza de instrução criminal a medida de prisão preventiva para os 16 detidos na «Operação Apito Dourado». O magistrado entende que, face aos indícios recolhidos, existe o perigo de continuidade da prática criminosa.

Valentim Loureiro chegou ao Tribunal de Gondomar às 9h45. À chegada, num dos 16 carros celulares da Polícia Judiciária (PJ), tinha à sua espera uma pequena manifestação de solidariedade.

Às 12 horas, o advogado do major, Lourenço Pinto, saiu das instalações judiciais de Gondomar e referiu que estavam a ser ouvidos quatro dos 16 indiciados: António Henriques (vice-presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol), Paulo Torrão (operador informático da FPF), Carlos Silva e Francisco Costa (vogais do Conselho de Arbitragem da FPF).

O jurista afirmou ter “esperança que (Valentim Loureiro) vá dormir a casa”, mas que deverá prestar declarações aos jornalistas no final da tarde, já depois de ser ouvido pela juíza.

Jorge Saramago, árbitro da Associação de Futebol de Aveiro, saiu em liberdade sob caução, depois de ter sido constituído arguido no processo «Apito Dourado». A juíza aplicou uma medida de coacção depois de ouvir o árbitro e foi o advogado Paulo Monteiro que cedeu a informação.

Cumplicidade em crimes de corrupção

O presidente da Câmara de Gondomar e da Liga Portuguesa de Futebol Profissional foi detido esta terça-feira pela PJ, sob suspeita de alegado tráfico de influências na arbitragem.

O major encontrava-se detido no edifício da PJ do Porto para ser ouvido acerca de um alegado caso de cumplicidade nos crimes de corrupção que envolve o Gondomar Sport Clube, equipa que milita na Segunda Divisão B – Zona Norte, nos campeonatos nacionais de futebol.

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O advogado de Valentim Loureiro, Lourenço Pinto, disse ontem, à saída da PJ do Porto, que tem acompanhado o caso desde que Valentim Loureiro foi detido na sua residência e que o major se apresentou na PJ de “livre vontade”.

Valentim Loureiro foi detido para interrogatório juntamente com mais 15 pessoas, entre as quais, Pinto de Sousa, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e José Luís Oliveira, vice-presidente da Câmara de Gondomar e presidente do Gondomar Sport Clube. Ao todo, estão detidos sete árbitros da segunda categoria nacional, quatro membros do Conselho de Arbitragem da FPF, um funcionário deste organismo e dois dirigentes do Gondomar SC. As detenções da PJ surgem na sequência de uma investigação que dura já há mais de um ano.

“Não são notícias boas” para o futebol português

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O advogado de Pinto de Sousa, Quelhas Lima, revelou que o seu cliente está “indiciado de corrupção” enquanto Valentim Loureiro responde perante a acusação de “cumplicidade”. O crime de corrupção pode resultar em pena de prisão de um a oito anos, enquanto a alegada cumplicidade de Valentim Loureiro é punível com uma pena idêntica mas “especialmente atenuada”, diz o jurista.

Ontem, 20 agentes da PJ estiveram no edifício da FPF, do Sporting de Braga e da Naval 1.º de Maio a copiar todos os ficheiros que estão nos computadores.

Entre Setúbal e Bragança, a PJ desencadeou cerca de 60 buscas, numa operação, denominada «Apito Dourado», que teve início na madrugada de terça-feira, com especial incidência no Norte do país.

O presidente da FPF, Gilberto Madaíl, considera que estas “não são notícias boas” para o futebol português, a dois meses do Euro 2004. Em declarações aos jornalistas, Madaíl não se mostrou “surpreendido” com a investigação levada a cabo pela PJ, perante o clima de suspeição que existe no futebol nacional.

O Procurador-Geral da República, à margem da inauguração do Palácio da Justiça de Ponte da Barca, limitou-se a dizer que irá “acompanhar os acontecimentos com todo o interesse”. Já há dois anos, Souto Moura afirmou que no futebol ainda havia mais casos para resolver, negando-se a tecer outros comentários sobre esta matéria.

com Bruno Amorim e Manuel Jorge Bento