Depois do jardim da rotunda estar pronto em finais de Maio, inicios de Junho, as obras na rotunda da Boavista vão parar por ocasião do Euro 2004. A segunda fase arrancar em Setembro. A Metro do Porto e a Câmara Municipal do Porto esperam ter a requalificação pronta no final do ano.

“Não é preciso muitos objectos mas sim que se crie bom ambiente”

É Siza Vieira, um dos arquitectos à frente da requalificação, que o diz a propósito de o projecto não prever muitos equipamentos. Haverá uma casa de chá na rotunda, no enfiamento da Avenida de França, colocada de forma a não constituir um obstáculo visual. Siza Vieira explicou que esta construção ficará para a segunda fase de trabalhos, porque foi dado aos arquitectos (ele e Souto Moura) para este projecto uma “data limite muito apertada e a construção da casa de chá não é brincadeira, é algo delicado”.

O quiosque que existia no jardim, virado para a Avenida da Boavista, vai ser reposto. Os bancos de jardim mais antigos vão ser mantidos, bem como os candeeiros. O sistema de iluminação destes é que vai ser diferente, proporcionando uma luz mais forte. “É uma limpeza do espaço”, diz o arquitecto.

Casas de banho não existirão no jardim. Uma das razões para não serem incluídas no projecto ou recuperados os antigos espaços é que “à volta existem muitos cafés” que podem servir as pessoas, e a outra é o “difícil controlo do estado de manutenção” das antigas casas de banho subterrâneas, fechadas há anos.

O túnel pedonal será construído na segunda fase da obra de requalificação. Até Dezembro deverá estar concluído, bem como o resto dos equipamentos. “O trabalho do túnel não será visível, porque não será preciso voltar à rotunda”, disse Ricardo Figueiredo, vereador do urbanismo, mas à superfície, “nessa altura, os pavimentos estarão prontos”.

Devolver a Rotunda da Boavista à população

Sérgio Martins, presidente da Junta de Freguesia de Cedofeita, está satisfeito por estar a ser cumprido um dos objectivos que a autarquia traçou desde o início: a devolução da rotunda da Boavista à população. Os jardim que nos últimos anos acabaram por abrigar por detrás das sebes uma marginalidade crescente, vão “deixar de estar votados ao abandono” e oferecer condições de segurança às pessoas, disse.

Siza Vieira acredita que a Casa da Música “vai trazer vida ao jardim”, mas recorda que depois de uma intervenção recente da CMP o jardim já não era tão deserto como isso: “nas últimas visitas, vi namorados de 60 anos para cima a usufruir daquele espaço”. O encontro terá sido depois da Câmara ter mandado cortar as sebes que escondiam o jardim. Siza defendeu que “não é preciso animar a rotunda através de objectos; é preciso que as condições do espaço se alterem”.

Ricardo Figueiredo é da opinião que a Casa da Música e as duas estações de metro vão “dar uma dignidade à Rotunda da Boavista que esta nunca teve”, mas lança o repto: “fica por fazer requalificação de toda a envolvente da praça”.

Ana Isabel Pereira (texto e foto)