Foi um concerto em que o vocalista dos Bandemónio não conseguiu “ver a multidão lá ao fundo”. Um espectáculo em crescendo, bem ao gosto, do cantor: “tocámos temas inéditos, em que nunca se sabe qual será a reacção do público”. Mas, a verdade é que quem viu reagiu “maravilhosamente”.

Espectáculo à parte Pedro Abrunhosa fez questão de lembrar as mensagens alusivas ao Iraque, já lançadas no decorrer do concerto. “ Os soldados portugueses que estão no Iraque não estão lá em meu nome”, atacou o cantor. E acrescentou: “os jovens têm que se capacitar que há alternativas”. Após o concerto, em declarações aos jornalistas, houve ainda lugar para criticar “abusos de poder” e referir as “ameaças à democracia”.

Salas de espectáculo são pouco profícuas

Crítico q.b., o cantor do Porto deixou, mesmo assim, perpassar algum entusiasmo com a passagem pela queima das fitas da sua cidade natal. No entanto, fez também questão de referir que assinou um movimento anti-praxe e que, por isso, foi “boicotado”. Uma assinatura que lhe valeu um boicote que, contudo, não abrangeu a queima do Porto.

Para Pedro Abrunhosa, as salas de espectáculo em Portugal são “pouco profícuas” e, como tal, as queimas são “importantes veículos da cultura portuguesa”. Além disso, as queimas são também uma forma de “descentralização”.

Andreia Abreu

Foto: André Morais