Manuel Alegre, Miguel Veiga e Pedro Abrunhosa desdobraram-se em elogios ao livro, numa sala cheia, que os ouvia com atenção, no lançamento de «Diálogo de Gerações», na FNAC de Santa Catarina, no Porto.

A obra é o relato vivo das conversas que Mário Soares e Sérgio Sousa Pinto tiveram enquanto desempenhavam as suas funções em Bruxelas. Este livro resulta de um “esforço didáctico” que tem como objectivo “mostrar a dignificação da política, porque são os políticos que fazem as nossas vidas, para o melhor ou para o pior”, explica Mário Soares.

Ao percorrer o livro, o leitor confronta-se com muitas questões sobre a vida política actual e sobre o socialismo. A importância do «Diálogo de Gerações» reside na capacidade de fazer com que “as pessoas leiam e discutam entre si e cheguem à conclusão de que vale a pena fazer política, fazer qualquer coisa pela pátria, e que a política não é só uma forma de fazer carreira”, explicou Mário Soares.

Ao longo do diálogo, Soares deixa transparecer a sua vontade de “mudar o mundo”. “Espero que a leitura do livro contribua para transformarmos um pouco a nossa sociedade”, deseja o ex-Presidente da República.

“Como travar a mercantilização e como a sociedade continua a garantir a dignidade da pessoa humana” são os dois temas principais deste «Diálogo», segundo Sérgio Sousa Pinto

«Diálogo» entre gerações e amigos

Mário Soares é “contra-poder”, Sérgio Sousa Pinto “não tem medo de ser politicamente incorrecto” – assim começa o discurso de Manuel Alegre, deputado socialista e escritor. O deputado reconhece que há, neste livro, “um sopro de inconformismo”, com muitas perguntas e nenhuma resposta. Manuel Alegre considera que os socialistas “não podem conformar-se e serem meros gestores, sob pena de se transformarem historicamente desnecessários”, avisa.

Pedro Abrunhosa, começou por comentar temas actuais que afectam a vida política do país e do mundo. Da guerra no Iraque ao apoio prestado pelo governo português, o cantor fala de “seguidismo cego da política portuguesa”.

Quanto à realidade nacional, o músico denuncia um Portugal “pobre, em falência moral, com uma grave crise de identidade e com um desinvestimento na cultura, justiça e educação”. Aliás, educação e juventude são as suas principais preocupações.

Abrunhosa acusa os jovens de se interessarem pouco pela política, pela educação e pelas questões ligadas à faculdade. “As grandes batalhas políticas no associativismo estudantil desapareceram”, lamenta Pedro Abrunhosa.

“Excelente, interessante e inteligente” foram os adjectivos usados pelo deputado social-democrata Miguel Veiga para caracterizar o «Diálogo de Gerações».

Vânia Cardoso