“Identificamo-nos com toda a gente que tenha vontade de entrar no nosso pequenino mundo que vamos construindo há 10 anos”, diz Miguel Guedes, vocalista dos Blind Zero, questionado, em conferência de imprensa no final do concerto na Queima, sobre se a banda gosta de tocar para o público estudantil. Para Miguel Guedes, “é muito bom tocar no Porto”. “É muito gratificante tocar num palco destes para gente que se aproxima mais de nós porque vivem nas mesmas ruas”, diz.

Miguel Guedes não considera um concerto de Queima muito diferente do concerto normal. Os Blind Zero fizeram o ano passado uma tournée em pequenos bares, uma ideia que pretendia lançar bases para a revitalização do quase inexistente circuito de música ao vivo em bares.
Vasco Espinheira, um dos guitarristas do grupo, recorda a experiência: “foi quase voltar à estaca zero, à sala de ensaios. Não havia monitores no chão, não havia palco – tivemos dois palcos em 18 concertos. São espaços para 100, 200 pessoas no máximo, e podes tocar o álbum [“A Way to Bleed Your Lover”] de uma ponta à outra. Para nós foi muito bom. Foi quase como buscar sangue fresco.”

A banda sublinha a dificuldade de ser a banda que toca antes dos Xutos & Pontapés: “é sempre complicado porque tu olhas e as primeiras cinco filas são deles [dos fãs de Xutos]”, diz Vasco Espinheira.

“A Way to Bleed Your Lover” e o futuro

“A Way to Bleed Your Lover”, do ano passado, é o disco que tem preenchido boa parte do alinhamento da banda em concerto. O disco marca a passagem à idade adulta dos Blind Zero, acentuando uma identidade mais vincada que vinha a ser formada desde “One Silent Accident”, editado em 2000.
“A Way to Bleed Your Lover” marca também a entrada de Miguel Ferreira, teclista dos Clã, nas fileiras do grupo e conta com participações de Jorge Palma e Dana Colley , saxofonista dos saudosos Morphine e hoje nos Twinemen.

Depois de um registo que foi considerado quase unanimemente como o melhor disco da banda, os Blind Zero pensam já em novas composições. Sem avançar datas nem pormenores, Miguel Guedes disse apenas aos jornalistas que a banda tem “falado e trocado ideias” e que “vai de certeza ser um álbum diferente do que o que já fizemos”.

Pedro Rios