Quando é que está disponível nas lojas o novo álbum, “Mundo ao Contrário”?

Tim – No final de Maio.

Zé Pedro – Mais precisamente a 24 de Maio.

O disco sai então a poucos dias da actuação dos Xutos no Rock in Rio. Estratégia ou coincidência?

Tim – É um pouco das duas. Em primeiro lugar, porque depois do Rock in Rio entra o campeonato da Europa e logo a seguir vem o Verão. Caso não lançássemos o disco nesta altura, ele seria lançado lá para Outubro e nós não queríamos isso. Queríamos que saísse até ao fim de Maio e o fim de Maio coincide com o Rock in Rio. É um pouco isso.

Três anos após “XIII”, o último trabalho de originais, o que podemos esperar da nova proposta?

Zé Pedro – Eu acho que este novo disco é uma surpresa. O ambiente de estúdio foi muito bom e tivemos dois produtores que estiveram muito bem – o Cajó, o nosso técnico de som, e o Nuno Rafael, guitarrista e produtor do Sérgio Godinho e também dos Despe e Siga. Acho que nunca tivemos tanto tempo para pensar nas canções e no modo como elas deveriam aparecer e o mesmo aplica-se às letras. Andámos a preparar o disco há algum tempo e suponho que este foi o trabalho mais elaborado dos Xutos e Pontapés, de há um tempo para cá. E o resultado, para mim, é dos nossos melhores discos.

A partir de quando é que começaram a trabalhar os novos temas?

Zé Pedro – Começamos praticamente a juntar material a partir de Novembro. Chegámos a ter trinta esboços de música, entre a sala de ensaios, a casa do Tim e mais uns passitos. Naturalmente, fomos fazendo a selecção dos temas e achámos que o disco não deveria ter mais de dez, onze faixas. Acabámos por optar pelas dez e estão brilhantes [sorrisos].

Se tivessem que promover o álbum junto de quem nunca o ouviu, o que é que destacavam?

Tim – Destacava o facto de teres lá as guitarras do Zé Pedro, as guitarras do João Cabeleira, a bateria do Kalu, o saxofone do Gui, eu a cantar e os outros a fazer coros. E as músicas são boas. É realmente emocionante estar neste ambiente e poder ouvir o que aquelas pessoas fazem.

Estão satisfeitos?

Zé Pedro – Muito. Eu acho que temos um disco muito coeso e espero que as pessoas o ouçam e julguem por si próprias.

Porquê “Mundo ao Contrário”?

Tim – O nome de trabalho do disco era “XP25”, mas isso não era título adequado para o álbum. Aparece então uma música, “Onde vais”, a que se acabou por chamar “Mundo ao Contrário”. Isso ficou e deu nome ao disco.
Mesmo não parecendo, há uma série de coisas que nós achamos que, nesta fase onde vivemos, estão ao contrário. Parece que está certo, mas não está.

O mundo está mesmo ao contrário, 25 anos depois do início da carreira dos Xutos?

Tim – Eu acho que sim. Há muitas coisas que estão ao contrário. O 25 de Abril não foi feito para isto e por aí fora [sorrisos].
Acho que os valores das pessoas estão um pouco transtornados. Devia dar-se muito mais valor à cultura das pessoas, apostar nas pessoas em si e no valor que têm dentro delas. Se começarmos pela falta de respeito que há pela cultura das pessoas, passando pela falta de respeito que há pelo trabalho e salário das pessoas, facilmente compreendemos que assim não vamos muito longe.

Germano Oliveira